O brasileiro até comemorou em agosto: a carne bovina ficou 0,43% mais barata, segundo o IBGE. Foi mais um capítulo da sequência de pequenas quedas mensais que começou no primeiro semestre. O problema é que esse refresco é quase simbólico. Nos últimos 12 meses, o alimento ainda acumulou uma inflação de 22,17%, lembrando que o alívio no açougue é curto e a conta continua pesada.

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Porém, a trégua na alta dos preços  tem prazo de validade. Dois fatores devem pressionar novamente a alta nos próximos meses: o ritmo forte das exportações e a expectativa de menor abate de bois até o fim da entressafra. Em outras palavras, o cenário é de oferta mais apertada e carne desaparecendo das gôndolas na mesma velocidade em que some do prato do consumidor.

Cortes populares puxam a alta

O que mais chama atenção, portanto, é que os cortes do dia a dia foram justamente os que mais encareceram. O acém, por exemplo, lidera o ranking, com alta de 29,1% em 12 meses. Logo em seguida aparecem o peito (27,4%) e o músculo (24,6%). Já a paleta, bastante usada em cozidos, também disparou, registrando aumento de 24%.

Na sequência, aparecem ainda a costela (23,6%), a alcatra (23,5%) e o lagarto comum (23%). O patinho, que continua sendo favorito em receitas caseiras, subiu 22,1%. Além disso, até cortes tradicionalmente mais nobres entraram na lista: o contrafilé e a capa de filé avançaram 21,4%, enquanto o filé-mignon, símbolo de requinte e prestígio, ficou 19,1% mais caro.

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Por outro lado, a picanha, estrela dos churrascos de domingo, apresentou um desempenho diferente: subiu “apenas” 12,1%. Já o fígado, alternativa tradicional de economia para muitas famílias, teve inflação de 15,6%.