Resumo da notícia
- O turismo de pesca esportiva em Mato Grosso cresceu entre 30% e 40% nos últimos dois anos, tornando o estado um dos destinos mais procurados do Brasil para a modalidade, impulsionado por investimentos e sustentabilidade.
- A Lei do Transporte Zero, que proíbe o transporte de peixes capturados, é o principal fator para a recuperação dos cardumes e o aumento do turismo, garantindo um ambiente jurídico estável e sustentável.
- Empresários locais investem em infraestrutura completa, como a Marina Sérgio Motta, que oferece serviços integrados para pescadores, refletindo a confiança no crescimento contínuo do setor.
- No Pantanal, a pesca esportiva também cresce, com maior valorização da experiência natural; eventos como a Fishing Show Brazil destacam Mato Grosso como referência nacional no segmento.
O turismo de pesca esportiva em Mato Grosso atravessa seu melhor momento histórico. Dados do setor apontam crescimento entre 30% e 40% nos últimos dois anos, transformando o estado em um dos destinos mais cobiçados do Brasil para a modalidade.
A expansão tem atraído investimentos milionários e consolidado MT como referência nacional na pesca esportiva sustentável, impulsionada principalmente pela Lei do Transporte Zero, que proíbe o transporte de peixes capturados.
O empresário Alisson Fagner Santos Trindade, presidente da Associação Mato-Grossense de Ecoturismo e Pesca Esportiva, exemplifica essa expansão. Proprietário de duas pousadas na região de Chapada dos Guimarães, ele investiu R$ 4 milhões na Marina Sérgio Motta, em Cuiabá.
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O empreendimento funciona como um “shopping náutico”, reunindo loja especializada, revenda de embarcações, estacionamento náutico, restaurante, choperia, escola náutica e infraestrutura completa para pescadores esportivos.
“Esse investimento só foi possível graças à evolução do turismo de pesca em Mato Grosso. A Lei do Transporte Zero criou um ambiente jurídico estável e a resposta foi imediata: mais peixes nos rios, mais turistas e mais negócios”, destaca Alisson.
Lei do Transporte Zero: o divisor de águas
A legislação que restringe o transporte de espécies capturadas tem sido o principal catalisador do crescimento. Empresários relatam mudanças significativas na quantidade e variedade de peixes nos rios mato-grossenses.
Luana Karine, proprietária de pousada em Nova Canaã do Norte, confirma os resultados: “As pessoas estão respeitando e não matam mais o peixe. Já vemos espécies voltando, como o jaú, em maior número e também em tamanhos menores, sinal de renovação dos cardumes”.
A empresária, ex-apresentadora do programa “Elas na Pesca” da Fish TV, mudou-se de Santa Catarina para MT durante a pandemia, atraída pelo potencial do setor. “Chegamos em 2020 sem conhecer ninguém. No começo havia resistência, mas hoje a realidade é outra”, relata.
Pantanal registra mesma tendência de crescimento
No Pantanal, a avaliação é igualmente positiva. Marcelo Martinelli, empresário com 25 anos de atuação em Cáceres, mantém hotéis e três barcos-hotéis na região.
“No início, alguns clientes vinham pensando em levar peixe, mas logo entenderam a nova lógica. Hoje, a procura só aumenta. Temos reservas cheias para esta temporada e já estamos com alta demanda para o ano que vem”, afirma Martinelli.
O empresário destaca a mudança cultural: “Antes, muita gente procurava a pesca para levar pescado. Agora, entendem que o valor está na vivência, no contato com a natureza. Isso ampliou o perfil dos clientes”.
Fishing Show Brazil: Mato Grosso em destaque nacional
O crescimento do setor ficou evidente na Fishing Show Brazil, realizada em São Paulo entre 28 e 31 de agosto. O estande de Mato Grosso, com 100 m², foi um dos mais movimentados do evento.
15 empresários mato-grossenses participaram da feira, promovendo sorteios e pacotes turísticos que atraíram centenas de visitantes interessados nos destinos do estado.
“É um segmento forte e que ainda tem muito a crescer. A pesca esportiva gera negócios e movimenta cadeias inteiras ligadas ao turismo”, destacou Maria Letícia, secretária-adjunta de Turismo da Sedec.
Turismo de alto padrão e impacto econômico
O perfil dos turistas também evoluiu. Milton Alves Santos, da Amazônia Fishing Lodge, atua há uma década na divisa com o Pará e observa a atração de público diferenciado.
“Recebemos famílias inteiras que voltam todos os anos. São turistas de alto padrão que injetam recursos não só no lodge, mas em toda a cadeia: transporte aéreo, guias, fornecedores locais e até comunidades ribeirinhas”, avalia Santos.
A pesca esportiva sustentável movimenta diversos segmentos da economia local, incluindo hotelaria, transporte, alimentação, guias especializados e comércio de equipamentos.
O Governo de Mato Grosso, através da Sedec, mantém estratégia dupla: participação em feiras nacionais e consolidação da política do Transporte Zero. A combinação garante sustentabilidade ambiental e atratividade turística.
Os empresários do setor demonstram confiança no crescimento contínuo, com novos investimentos planejados e expectativa de expansão ainda maior nos próximos anos, consolidando MT como destino número 1 da pesca esportiva no Brasil.