Francisco Ferreira vive uma transformação em sua propriedade na comunidade Carnaubal, em Oeiras. O agricultor familiar trabalha com piscicultura há anos, mas foi com o apoio da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF) que conseguiu expandir o negócio. Hoje, ele vende entre 80 e 100 quilos de peixe mensalmente.
“Uma das melhores coisas é você trabalhar com o que gosta”, afirma Francisco. “Eu vivo na roça porque, além de ser a única coisa que eu sei fazer, eu tenho o prazer de trabalhar com isso.”

O produtor rural ampliou sua estrutura de dois para três tanques. A reforma realizada no ano passado, combinada com a doação de alevinos pela SAF, permitiu que ele fidelizasse clientes e garantisse renda estável. Francisco trabalha junto com o filho e o pai na criação de peixes e no cultivo de outros produtos da agricultura familiar.
Programa distribui tambaquis e planeja novas espécies
A SAF mantém uma estação de piscicultura em Nazária, onde produz alevinos da espécie tambaqui. Clébio Coutinho, superintendente de Ações de Apoio à Agricultura Familiar, explica que a secretaria investe na melhoria da infraestrutura desde 2023.
“Produzimos apenas a espécie tambaqui, que é a mais cultivada pela agricultura”, diz Coutinho. “Mas há um estudo para que possamos produzir outras espécies através dos investimentos.”
No atual ano agrícola – que começou em julho de 2024 e termina em junho de 2025 – a SAF já distribuiu 1,5 milhão de alevinos. A ação beneficia tanto tanques escavados quanto o povoamento de barreiros públicos. A secretaria trabalha em parceria com prefeituras municipais, associações e cooperativas.
Kit solar e reformas viabilizados pela renda do PAA
Francisco destaca que vende seus peixes para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), executado pela SAF em parceria com o Governo Federal. O programa direciona os alimentos para entidades que atendem famílias em vulnerabilidade social.
“Se eu tivesse o PAA na minha vida há cinco anos, eu estaria bem melhor”, reconhece o piscicultor. “De um ano para cá, melhorou muito. Consegui fazer reformas na minha propriedade e instalei um kit solar.”
O produtor explica que antes vendia para mercados locais, mas o retorno não compensava nem o combustível. Agora entrega mais de 100 quilos de cada produto ao PAA. A economia com a doação de alevinos permite que ele invista em ração e outros insumos.
“Uma carrada de alevinos custa R$ 250”, calcula Francisco. “Se você recebe doado, já é um incentivo. Ao invés de comprar os filhotes, eu já compro a ração.”
Unidade de beneficiamento será inaugurada em Demerval Lobão
O superintendente Clébio Coutinho anuncia que até o final de 2025 será entregue uma unidade de beneficiamento de pescado em Demerval Lobão. A estrutura física está concluída e o processo de licitação dos equipamentos está em andamento.
“Esperamos inaugurar uma cooperativa no território Entre Rios, que tem maior potencial na atividade”, projeta Coutinho. “O peixe não será vendido direto do tanque. Passará por evisceração e filetagem para agregar valor.”

A SAF realiza atualmente um cadastramento dos piscicultores piauienses. O objetivo é entender o perfil de cada produtor e estruturar benefícios específicos. O estado demonstra vocação forte para a atividade aquícola, segundo a secretaria.
Francisco recebeu mil alevinos no final de janeiro de 2025. Ele também conta com assistência técnica regular, que oferece cursos e orientações sobre manejo de outras culturas. “Quando eu comecei, não havia ajuda de órgão nenhum”, lembra. “Era tudo por conta própria. Hoje nós temos essa assistência da secretaria.”
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