Estudo da Unesp comprova eficiência do Programa ABC na redução de áreas semidegradadas
Foto: Instituto Mineiro de Agropecuária/Divulgação.

O Programa ABC conseguiu reduzir significativamente as pastagens semidegradadas em Minas Gerais. Pesquisa da Unesp revela que a iniciativa diminuiu essas áreas em mais de 40% entre 2013 e 2020.

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O estudo avaliou o impacto das linhas de crédito do programa na adoção de práticas sustentáveis. O engenheiro agrônomo Marcelo Odorizzi de Campos conduziu a pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Análise de Políticas Públicas.

Crédito chega aos municípios mais necessitados

Os dados mostram que o crédito alcançou principalmente os municípios com maior concentração de pastagens degradadas. Esses mesmos locais registraram as maiores reduções de áreas de pasto degradado no período analisado.

Municípios beneficiados pelo programa concentravam, em média, 16,5% das pastagens degradadas do estado. Já aqueles que não acessaram o crédito abrigavam apenas 9,6% dessas áreas problemáticas.

O programa também priorizou regiões com maior atividade pecuária. Municípios com acesso ao crédito registraram média de 58,8 cabeças de gado por produtor. Aqueles sem acesso apresentaram média de apenas 34,9 cabeças.

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Brasil lidera produção mundial de carne

O rebanho bovino brasileiro atingiu 238,6 milhões de cabeças em 2024. Esse número histórico consolida o país como maior produtor e exportador mundial de carne bovina.

A pecuária nacional tem característica única: 90% do rebanho cresce em pastagens. Especialistas consideram essa prática uma das principais vantagens competitivas do setor. Pastagens representam a forma mais barata de alimentar os animais.

Aproximadamente 160 milhões de hectares do território brasileiro servem como pastagens. Essa área equivale a quase 40 vezes o território da Suíça.

Degradação preocupa especialistas

Estudos indicam que mais de 100 milhões de hectares dessas pastagens apresentam algum grau de degradação. Essa área supera a soma das três principais culturas econômicas: soja, milho e cana-de-açúcar.

Pastagens degradadas prejudicam diretamente a produtividade dos rebanhos. Menor quantidade de alimento disponível reduz a eficiência da criação. Áreas degradadas também apresentam menor fertilidade no solo e reduzem a capacidade de capturar carbono.

Recuperação é estratégia climática nacional

O governo brasileiro transformou a recuperação de pastagens em estratégia central para mitigar mudanças climáticas. A Política Nacional sobre Mudança do Clima destaca essa prioridade. O país assumiu compromissos específicos no Acordo de Paris de 2015.

Várias políticas públicas estimulam investimentos na melhoria dos pastos brasileiros. O Plano Safra, principal programa de crédito rural, inclui essas diretrizes. O Pronaf, versão para agricultura familiar, também incorpora esses objetivos.

O Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas, lançado em 2023, estabelece meta ambiciosa. A iniciativa pretende recuperar 40 milhões de hectares de pastagens degradadas até 2030.

Programa ABC amplia práticas sustentáveis

O Programa ABC, hoje chamado RenovAgro, faz parte do Plano ABC do Ministério da Agricultura. A iniciativa promove agricultura de baixo carbono em todo o país.

Além da recuperação de pastagens, o programa fomenta outras práticas sustentáveis. Integração lavoura-pecuária-floresta, plantio direto e fixação biológica de nitrogênio estão entre as tecnologias incentivadas. Plantio de florestas e tratamento de dejetos animais também recebem apoio.

Entre 2013 e 2020, Minas Gerais registrou redução de 40% nas pastagens semidegradadas. Simultaneamente, pastagens saudáveis cresceram 13,4% no estado. Pastagens totalmente degradadas não apresentaram alteração estatisticamente relevante.

A pesquisa foi publicada na revista Environmental Development. O trabalho comprova a eficiência do programa em atingir seus objetivos de sustentabilidade e recuperação ambiental.