Resumo da notícia
- A segunda estimativa da safra 2025/26 mantém a produção de grãos em 354,8 milhões de toneladas, com área plantada em alta de 3,3%, totalizando 84,4 milhões de hectares, apesar dos desafios climáticos.
- A soja destaca-se com aumento de 3,6% na área plantada, chegando a 49,1 milhões de hectares, mas o plantio enfrenta atrasos e dificuldades devido ao clima seco e instável.
- O milho apresenta leve queda de 1,6% na produção total, apesar do crescimento de 7,1% na área da primeira safra, afetada por condições adversas como frio, excesso de chuva e granizo.
- O arroz e o feijão mostram retração: o arroz tem queda de 11,5% na produção por redução da área, enquanto o feijão mantém estabilidade geral, mas com redução na primeira safra.
A área cultivada cresce. A produção respira. A segunda estimativa da safra 2025/26, divulgada nesta quinta-feira (13/11), pela Conab, manteve praticamente intacto o número já conhecido: 354,8 milhões de toneladas de grãos. É o mesmo patamar do primeiro levantamento — 354,7 milhões. Pequena diferença em relação ao número anterior.
A área total plantada sobe para 84,4 milhões de hectares, alta de 3,3%. É expansão real. Uma aposta firme do produtor, mesmo com o relógio do clima batendo fora de hora em várias regiões.
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A produtividade média nacional aparece projetada em 4.203 kg/ha, número ainda dependente de modelos e previsões. Modelos erram. O clima muda rápido. A Conab, por isso, mantém os olhos bem abertos para cenários como o excesso de chuva no Paraná, a irregularidade das precipitações em Mato Grosso e o atraso firme das águas em Goiás.
Soja – área cresce, mas o ritmo do plantio tropeça
A oleaginosa segue gigante. A área deve subir 3,6%, alcançando 49,1 milhões de hectares. A produção estimada bate em 177,6 milhões de toneladas.
O plantio? Vai bem, mas nem tanto. Está dentro da média dos últimos 5 anos, embora atrasado em relação à safra passada. Goiás e Minas recuaram. Chuva pouca. Solo seco. No Mato Grosso, o ritmo lembra o de 2024/25, mas outubro pregou uma peça: plantio sob instabilidade, sementes sofrendo com déficit hídrico e falhas na população de plantas. Isso pesa.
Milho – três safras, ritmo firme, mas queda na produção total
O milho deve chegar a 138,8 milhões de toneladas somando todas as fases. Uma queda leve de 1,6% ante o último ciclo.
Na primeira safra, a área cresce 7,1% e a produção deve alcançar 25,9 milhões de toneladas. O plantio já pega 47,7% das lavouras. Acima da média. Mas teve frio demais no Sul, chuva demais no Paraná e até granizo — aquele que bate no telhado e deixa produtor em silêncio. A Conab ainda avalia os danos.
Arroz – menos área, menos produção
O arroz encolhe. A estimativa aponta 11,3 milhões de toneladas, queda de 11,5%. A área diminuiu. No Rio Grande do Sul, onde o arroz é rei, mais de 78% da semeadura foi feita. Mas o produtor precisou esperar o solo secar para entrar com as máquinas. O avanço, porém, é satisfatório. Ainda assim, há manchas de irregularidade nas chuvas.
Feijão – estabilidade no agregado
A colheita total das três safras deve chegar a 3,1 milhões de toneladas. Um déjà-vu da temporada passada.
A primeira safra, porém, encolhe 7,3% na área, com 841,9 mil hectares. A produção esperada cai para 977,9 mil toneladas — cerca de 8% menor. O plantio avança bem: São Paulo já concluiu, Paraná bate 91% e Minas segue em 44%.
Culturas de inverno – trigo rendendo menos
O trigo deve fechar a safra com 7,7 milhões de toneladas. As condições climáticas ajudaram, mas houve redução de investimentos. Menos fertilizante eMenos defensivo. Menos vigor. O resultado aparece no campo: espigas menores, produtividade limitada. No Paraná, as chuvas fortes de novembro podem afetar parte das áreas ainda não colhidas.
Mercado – etanol puxa o milho; soja ganha o mundo
O consumo interno de milho deve avançar para 94,6 milhões de toneladas, uma alta de 4,5%, impulsionada sobretudo pelo etanol. Enquanto isso, as exportações também ganham ritmo e podem atingir 46,5 milhões de toneladas. Os estoques, por sua vez, seguem estáveis — nada que tire o sono do produtor.
No caso da soja, o Brasil se posiciona com mais firmeza. Com os Estados Unidos reduzindo embarques e o mercado global mantendo o apetite elevado, as vendas externas podem alcançar 112,1 milhões de toneladas em 2025/26, aumento de 5,11%. É um salto que chama atenção e reforça a força do grão brasileiro.
Além disso, o esmagamento deve crescer. A ampliação da mistura obrigatória de biodiesel no diesel e a procura crescente por proteína vegetal tendem a levar o processamento a 59,37 milhões de toneladas em 2026. É um avanço de 1,37%, número modesto, mas que confirma a tendência de expansão do setor.