A guerra comercial entre Estados Unidos e China chegou ao campo da soja. Até o momento, a China não comprou nenhum carregamento de soja americana durante a colheita principal deste ano.
Esse congelamento nas compras gerou forte crise entre os produtores de soja dos EUA, que dependem fortemente do mercado chinês.
Analistas e autoridades enxergam esse cenário como um “embargo de fato”, embora não formalizado. Enquanto isso, os EUA preparam medidas emergenciais para socorrer os agricultores.
Com as tarifas americanas em vigor, a China optou por comprar soja de países como Brasil e Argentina. Recentemente, Buenos Aires vendeu mais de 2,5 milhões de toneladas de soja à China após suspender temporariamente seu imposto de exportação sobre o grão.
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O movimento complica a estratégia dos EUA de prestar ajuda econômica à Argentina, já praticada no contexto de alianças políticas recentes.
Produtores americanos exigem ação urgente
“É frustrante ver que estão socorrendo nossa concorrência enquanto nos deixam à beira do colapso”, disse Caleb Ragland, presidente da Associação Americana de Sojicultores.
Agricultores esperam que o presidente Donald Trump negocie um acordo com a China que revogue o boicote não declarado. Do lado chinês, a retomada das compras depende da retirada de tarifas consideradas “irresistíveis”.
“Quanto ao comércio de soja, os EUA devem remover tarifas irracionais, expandir o comércio bilateral e trazer mais estabilidade à economia global”, disse He Yadong, porta-voz do Ministério do Comércio Chinês.
Resposta dos EUA e o dilema Argentina
O governo estadunidense promete medidas para socorrer os produtores, especialmente os que dependem da soja. A agenda inclui apoio para a próxima safra e negociações que colocarão a soja no centro das conversas com o governo chinês.
A secretária de Agricultura, Brooke Rollins, confirmou que a instabilidade enfrentada pelos agricultores é real e que ela e Trump mantêm contato frequente sobre o tema. Enquanto isso, a estratégia de política externa dos EUA trava-se também na Argentina.
Com a paralisação das exportações americanas para a China, os agricultores argentinos preencheram a lacuna. E, enquanto isso, os americanos assistem a bilhões em ajuda econômica serem destinados à Argentina.
Na semana passada, veio à tona uma mensagem de texto atribuída a autoridades do governo americano que acusava que, após a ajuda à Argentina, o país vizinho removeu tarifas de exportação e vendeu soja à China, possivelmente prejudicando os produtores americanos.