Resumo da notícia
- A Fazenda Sol Nascente, com 100 hectares no Matopiba, é referência em sustentabilidade e inclusão social, combinando produção agrícola com desenvolvimento regional no Maranhão e Piauí.
- Desde 2012, a fazenda adota a certificação RTRS, produzindo soja e milho responsáveis e promovendo inovação tecnológica e fortalecimento das comunidades locais.
- Além da soja, a propriedade incentiva a diversificação agrícola com cultivos como mandioca, arroz e amaranto, beneficiando comunidades tradicionais, indígenas e pequenos produtores.
- O programa de empoderamento feminino da Fapcen capacita mulheres rurais, promovendo autonomia econômica e protagonismo social, ampliando impacto em dezenas de comunidades da região.
Resumo gerado pela redação.
Localizada estrategicamente no coração do Matopiba, a Fazenda Sol Nascente emerge como um case de sucesso que comprova: o tamanho da propriedade não determina o impacto social. Com apenas 100 hectares, sendo 35 destinados ao cultivo de soja, esta fazenda no Maranhão e Piauí tornou-se referência nacional em sustentabilidade e inclusão social no agronegócio.
Fundada em 2002, a propriedade abriga a sede da Fundação de Apoio à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte (Fapcen) e nasceu com uma missão clara: desenvolver a região ao longo do corredor logístico que conecta a produção de soja ao Porto de Itaqui, em São Luís (MA) — um dos portos mais estratégicos para as exportações brasileiras.
Do laboratório ao campo: a transformação sustentável
A trajetória da Fazenda Sol Nascente começou focada na pesquisa genética de soja adaptada às condições climáticas desafiadoras da região: baixas altitudes e altas temperaturas. O ponto de virada aconteceu em 2012, quando a propriedade aderiu à certificação da Mesa Global da Soja Responsável (Round Table on Responsible Soy – RTRS).
“Hoje, a Sol Nascente é mais do que uma fazenda. É um polo de conhecimento, de troca de tecnologias inovadoras e de fortalecimento das comunidades rurais do entorno”, explica Gisela Introvini, superintendente da Fapcen e referência na promoção de práticas sustentáveis na região.
Os resultados comprovam a eficácia do modelo adotado. A fazenda já produziu 193 toneladas de soja e 234 toneladas de milho certificadas RTRS. Além disso, representa todos os produtores certificados da região e sedia o AgroBalsas, considerado o maior evento agro do Maranhão, onde os princípios da certificação são disseminados para agricultores e comunidades locais.
Impacto social vai além da soja
O diferencial da Fazenda Sol Nascente está na amplitude de sua atuação social. A propriedade não se limita à produção de soja, promovendo ativamente a diversificação agrícola em comunidades tradicionais, indígenas e entre pequenos produtores.

“Nós propagamos o cultivo da mandioca, arroz, feijão e até espécies como girassol, gergelim e amaranto, estimulando a diversidade agrícola e a segurança alimentar dessas famílias”, detalha Gisela Introvini.
Empoderamento feminino no agronegócio
Um dos pilares mais inovadores do trabalho desenvolvido pela Fapcen é o programa de mulheres, que promove o empoderamento feminino no campo. A iniciativa incentiva a autonomia econômica e o protagonismo social de mulheres rurais através de capacitações, dias de campo e projetos comunitários.
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“Temos muito orgulho de dizer que, a partir daqui, irradiamos conhecimento para dezenas de comunidades, levando dias de campo, capacitações e projetos de base comunitária, agora inclusive junto às populações indígenas da região”, destaca a superintendente.
Qualidade de vida transformada
A certificação RTRS tem impactado diretamente as condições de trabalho nas fazendas da região. Segundo Gisela, as mudanças são visíveis no dia a dia das propriedades certificadas.
“Ao chegar em uma fazenda certificada, o colaborador encontra uma estrutura digna dos grandes centros urbanos. Estamos falando de academias de ginástica, áreas de lazer, cursos e treinamentos constantes. A certificação transformou muitas dessas propriedades em verdadeiras minicidades organizadas”, revela.
Em regiões distantes dos grandes centros, esse cuidado com o bem-estar do trabalhador faz toda a diferença. “É ali que o funcionário encontra qualidade de vida, oportunidade de crescimento e condições para sustentar com dignidade a sua família”, completa.
1,5 milhão de toneladas: a meta ambiciosa
A Fapcen administra dois grupos de certificação RTRS que já produziram mais de 830 mil toneladas de soja certificada. A expectativa é alcançar 1,5 milhão de toneladas até o final do ano, consolidando a fundação como uma das maiores referências em produção responsável no Matopiba.
Os dois grupos contam atualmente com 16 fazendas certificadas e outras 12 em processo de análise documental e auditoria inicial. “A ideia é mais do que trazer números. É contar a história de como essa transformação vem acontecendo no dia a dia das fazendas”, explica Samaycon Gonçalves, gerente de RH e Sustentabilidade da Fapcen.
Para incluir propriedades em preparação para a certificação oficial, a Fapcen desenvolveu o selo PMAPS (Programa de Mapeamento de Indicadores Sustentáveis). A ferramenta funciona como um sistema de gestão e incentivo para adoção gradual de boas práticas sustentáveis.
Foco especial no aspecto social
Entre os cinco princípios da RTRS — cumprimento legal e boas práticas empresariais, condições de trabalho responsáveis, relações comunitárias responsáveis, responsabilidade ambiental e boas práticas agrícolas — o aspecto social recebe atenção especial na região.
“As fazendas destinam parte dos créditos obtidos com a certificação para projetos sociais. Isso gera impacto direto nas comunidades e posiciona os produtores como co-realizadores dessas ações”, destaca Samaycon Gonçalves.
A visão da Fapcen vai além das demandas tradicionais do mercado internacional. “Enquanto o mundo foca apenas no desmatamento zero, nós vamos além. Fazemos questão de cobrar e aplicar o quarto princípio da certificação: a integração com comunidades, cidades e os próprios colaboradores”, conclui Gisela Introvini.
Este modelo de agronegócio sustentável desenvolvido no Matopiba demonstra que é possível conciliar produtividade, responsabilidade ambiental e impacto social positivo, criando um novo paradigma para o setor no Brasil.
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