Resumo da notícia
- O tatu-canastra é o maior tatu do mundo, com até 1,5 metro e 60 quilos, e possui garras em formato de foice para escavação, corpo protegido por escamas rígidas e hábitos noturnos e semifossoriais, vivendo em tocas subterrâneas.
- Alimenta-se quase exclusivamente de formigas e cupins, destruindo cupinzeiros e desempenhando papel crucial no controle de insetos sociais, o que contribui para o equilíbrio ecológico dos biomas onde habita.
- Distribui-se principalmente pelo Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica, com populações monitoradas em áreas protegidas, demonstrando adaptação a diferentes ambientes apesar das ameaças crescentes.
- A espécie é considerada Vulnerável pela IUCN devido à destruição do habitat natural e expansão agropecuária, que comprometem sua sobrevivência e dificultam pesquisas e conservação efetiva.
Resumo gerado pela redação.
O tatu-canastra (Priodontes maximus) representa um dos mamíferos mais fascinantes e menos conhecidos do Brasil. Considerado o maior tatu do mundo, este gigante da fauna brasileira enfrenta sérias ameaças à sua sobrevivência, sendo classificado como espécie Vulnerável pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).
O tatu-canastra impressiona por suas dimensões excepcionais. Com mais de 1,5 metro de comprimento total, pode pesar entre 30 a 60 quilos, sendo que exemplares de 40 quilos já foram registrados em pesquisas recentes. Sua carapaça escura e robusta é composta por bandas flexíveis que permitem movimentação, apresentando uma linha branca lateral característica que auxilia na identificação individual dos animais.
Anatomia especializada
Uma das características mais marcantes da espécie são suas garras anteriores em formato de foice, extremamente desenvolvidas para escavação. Essas garras são tão grandes que o animal caminha apoiado nas pontas delas. Todo o corpo é coberto por escamas pentagonais rígidas, incluindo pernas, cauda e cabeça, proporcionando proteção natural contra predadores.
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O tatu-canastra possui hábitos noturnos e semifossoriais, passando considerável tempo em tocas subterrâneas que podem atingir mais de 40 centímetros de largura e 30 centímetros de altura. Apesar da aparência robusta, é um animal surpreendentemente ágil, capaz de correr rapidamente e manter equilíbrio sobre as patas traseiras.
Durante suas atividades noturnas, pode percorrer trajetos superiores a 3 quilômetros em busca de alimento. Seu comportamento solitário e tímido torna a espécie praticamente invisível, dificultando estudos científicos e observações na natureza.
Alimentação e papel ecológico
O tatu-canastra é o maior mirmecófago entre os tatus, alimentando-se quase exclusivamente de formigas e cupins. Durante o processo alimentar, destrói completamente os cupinzeiros, deixando-os espalhados e rebaixados ao nível do solo – um sinal característico de sua presença no ambiente.
Ocasionalmente, complementa sua dieta com outros insetos, aranhas, minhocas, larvas, cobras e carniça. Sua importância ecológica é fundamental para o controle populacional de insetos sociais e manutenção do equilíbrio dos ecossistemas onde habita.
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A espécie possui ampla distribuição no território brasileiro, ocorrendo principalmente no Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica. Pesquisadores monitoram populações em diferentes regiões, desde o Pantanal sul-mato-grossense até reservas no Espírito Santo, o que demonstra a capacidade de adaptação da espécie a diversos biomas.
Ameaças e desafios de conservação
O tatu-canastra enfrenta múltiplas ameaças em seu habitat natural. A destruição de ambientes naturais, expansão agropecuária e atropelamentos em rodovias representam os principais fatores de risco. Dados recentes indicam que entre maio de 2023 e abril de 2024, 2.300 animais foram atropelados em apenas 350 quilômetros da BR-262.

A natureza tímida e os hábitos noturnos da espécie dificultam estudos científicos abrangentes. O tatu-canastra permanece como um dos mamíferos de grande porte menos conhecidos do Brasil, limitando o desenvolvimento de estratégias de conservação mais eficazes.
Importância da Conservação
A conservação do tatu-canastra é essencial não apenas para a sobrevivência da própria espécie, mas também para manutenção do equilíbrio ecológico de seus habitats. Sua função como controlador de populações de insetos sociais influencia diretamente a dinâmica de outros organismos.
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Como espécie que requer grandes territórios preservados, o tatu-canastra funciona como espécie guarda-chuva, cuja proteção beneficia inúmeras outras espécies que compartilham os mesmos habitats.
Projeto tatu-canastra: pioneirismo na conservação
O Projeto Tatu-Canastra teve início em 2010 na Fazenda Baia das Pedras, região da Nhecolândia, no Pantanal sul-mato-grossense. Desenvolvido pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), o projeto representa mais de 14 anos de dedicação à pesquisa e conservação da espécie.
O objetivo principal é compreender a ecologia, biologia e história natural do tatu-canastra, gerando conhecimento científico essencial para estratégias de preservação eficazes. Atualmente, estima-se a presença de 7 a 8 indivíduos a cada 10 quilômetros quadrados na região de estudo original.
O projeto utiliza técnicas avançadas de monitoramento, incluindo radiotelemetria e análises genéticas, para acompanhar indivíduos em vida livre. Recentemente, foi registrada a captura do maior tatu-canastra já documentado no Parque Natural Municipal do Pombo, em Três Lagoas, pesando 40 quilos.

As pesquisas revelaram informações cruciais sobre padrões de movimentação, uso de habitat e comportamento reprodutivo da espécie. Uma fêmea monitorada desde 2021 tornou-se embaixadora científica da espécie, contribuindo significativamente para o conhecimento sobre a biologia reprodutiva em ambiente natural.
Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS)
O ICAS destaca-se como instituição pioneira na conservação de fauna silvestre brasileira, desenvolvendo projetos científicos que combinam pesquisa de campo com ações de preservação. Além do tatu-canastra, a organização atua na proteção de outras espécies ameaçadas, como o tamanduá-bandeira.
O instituto mantém parcerias com universidades, como a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), e organizações internacionais, ampliando o alcance das pesquisas. Colaborações com o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) fortalecem as ações de conservação em diferentes biomas.
O ICAS promove regularmente exposições e eventos educativos, como a exposição “Nossos Gigantes” realizada no Bioparque Pantanal, apresentando características e curiosidades sobre o tatu-canastra e outras espécies para o público geral.
Os esforços contínuos do Projeto Tatu-Canastra e do ICAS representam esperança para o futuro da espécie. Com mais de uma década de pesquisas dedicadas, o conhecimento acumulado fornece base sólida para implementação de medidas de proteção mais eficazes.
A expansão do projeto para diferentes biomas e o fortalecimento de parcerias institucionais ampliam as possibilidades de sucesso na conservação desta espécie única da fauna brasileira. O trabalho pioneiro desenvolvido serve como modelo para conservação de outras espécies ameaçadas, demonstrando a importância da pesquisa científica de longo prazo na preservação da biodiversidade nacional.
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