Pesquisa global com quase 14 mil propriedades revela que robotização de ordenha e alimentação melhora bem-estar animal e reduz necessidade de mão de obra

Um estudo global conduzido pela Lely analisou dados de 13.816 fazendas leiteiras e comprovou o que produtores rurais já suspeitavam: a automação combinada de ordenha e alimentação aumenta significativamente a produtividade. Os números mostram um ganho médio de 7,4% na produção diária de leite por vaca quando comparadas propriedades que automatizam ambos os processos com aquelas que robotizam apenas a ordenha.

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A pesquisa, realizada entre janeiro de 2023 e maio de 2024, avaliou indicadores como volume de produção, frequência de ordenhas e comportamento das vacas em relação aos sistemas automatizados. Os resultados apontam uma correlação direta entre a disponibilidade constante de alimento e o aumento nas visitas voluntárias aos robôs de ordenha.

O segredo está na rotina

Segundo Letícia Fernandes, especialista da equipe Farm Management Support da Lely América Latina, a tecnologia não substitui boas práticas — ela as aprimora. “Quando o básico é feito com precisão e constância, o resultado aparece em todos os níveis. A vaca se alimenta melhor, ordenha com mais frequência e o produtor ganha eficiência”, explica.

O princípio é simples: vacas que têm acesso contínuo ao alimento seguem seu comportamento natural de se alimentar em pequenas porções ao longo do dia. Isso reduz períodos de jejum, melhora a digestão e, consequentemente, estimula a produção leiteira.

Caso brasileiro comprova eficácia

Na Cabanha Stefini, localizada em Sertão (RS), os resultados práticos superaram as expectativas. A propriedade mantém 60 vacas holandesas em lactação sob gestão de Diogo Stefini, zootecnista especializado em nutrição bovina.

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“O empurrador automático de comida fez as vacas voltarem mais vezes ao cocho. Em menos de 30 dias, registramos um aumento de 4 litros de leite por animal apenas com essa mudança”, relata o produtor.

Após implementar também a ordenha robotizada, a fazenda alcançou um incremento total de aproximadamente 20% na produção. Além disso, houve redução significativa na demanda por mão de obra. “Hoje temos mais tempo para cuidar das bezerras e do planejamento estratégico. As vacas estão mais calmas, com menos estresse, o que trouxe estabilidade ao rebanho”, complementa Stefini.

Tendência global em sustentabilidade

Para Letícia Fernandes, os dados reforçam uma tendência mundial de integração entre tecnologia, bem-estar animal e rentabilidade econômica. “Eliminar tarefas repetitivas e garantir constância na rotina transforma o sistema em um ambiente produtivo 24 horas por dia, com animais mais saudáveis e ativos”, afirma.

A especialista ressalta que, embora os números representem médias globais, os resultados podem variar conforme manejo, manutenção dos equipamentos e frequência de uso. “Mesmo com variações, as tendências mostram que a automação se tornou aliada indispensável da eficiência e sustentabilidade na pecuária leiteira moderna”, conclui.

A pesquisa reforça o posicionamento da tecnologia como ferramenta estratégica para o futuro do agronegócio, combinando produtividade econômica com práticas de bem-estar animal. Uma demanda crescente tanto do mercado quanto de consumidores conscientes.