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    Uso de árvores no cultivo da pimenta-do-reino protege a floresta amazônica

    Além disso, pratica reduz custos e economiza água
    Henrique RodartePor Henrique Rodarte19/04/2025
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    Foto: Ronaldo Rosa/Embrapa
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    Pesquisas recentes da Embrapa Amazônia Oriental mostram que o uso da árvore leguminosa Gliricidia sepium como tutor vivo no cultivo da pimenta-do-reino pode representar uma revolução sustentável na produção da especiaria no Brasil. O sistema reduz em até 46% os custos de implantação por hectare, consome metade da água em relação ao modelo tradicional e ainda melhora a qualidade do produto final. A equipe de pesquisadores vai apresentar os resultados na COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que ocorre em novembro de 2025, em Belém (PA).

    A técnica, batizada de “sistema de produção da pimenta-do-reino em tutor vivo”, substitui as tradicionais estacas de madeira por plantas da gliricídia. Além de oferecer suporte à planta trepadeira, a árvore fixa nitrogênio no solo, contribui para o sequestro de carbono e melhora as propriedades físicas e químicas do solo. Já adotado em diversas regiões produtoras do Pará, o modelo alia aumento de produtividade com práticas agrícolas de baixo impacto ambiental.

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    Economia e eficiência hídrica

    Na comparação entre o uso de estacas de madeira (tutor morto) e a gliricídia como tutor vivo, os pesquisadores avaliaram clones de pimenta-do-reino cultivados na região nordeste do Pará. A análise levou em conta critérios como viabilidade econômica, eficiência do uso da água e da energia, qualidade dos grãos e impacto ambiental.

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    Para implantar um hectare com tutor vivo, o custo médio foi de R$ 32.038,00 — valor significativamente inferior aos R$ 59.313,00 exigidos pelo modelo com estacas de madeira. A principal diferença está no custo das estacas: enquanto cada tutor vivo custa em média R$ 5,00, o tutor de madeira chega a R$ 25,00 a unidade. Em um hectare, são necessárias 1.500 estacas.

    A economia também se estende ao sistema de irrigação. A demanda hídrica no sistema com gliricídia é cerca da metade do necessário no modelo tradicional: quatro litros de água por planta por dia, contra oito litros no sistema com madeira. Com isso, o custo anual de irrigação por hectare caiu de R$ 3.324,00 para R$ 1.413,50. Em tempos de escassez hídrica e mudanças climáticas, essa redução representa um importante avanço na adaptação do cultivo à nova realidade climática.

    Qualidade superior e menor uso de insumos

    Além de mais econômica e sustentável, a produção de pimenta-do-reino com tutor vivo também resulta em grãos de maior densidade. Fator essencial para a precificação da especiaria no mercado internacional. Grãos mais densos conquistam maior valor de mercado e atraem preferência no comércio exterior, o que agrega valor à produção brasileira.

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    Até mesmo a qualidade da pimenta-do-reino melhorou com a nova técnica, aumentando também a densidade e a composição química do produto.. Foto: Ronaldo Rosa/Embrapa

    Outro dado relevante é o teor de piperina — composto bioativo responsável pelo ardor característico da pimenta. Nos experimentos, o teor de piperina foi cerca de 14% superior nas plantas cultivadas com gliricídia.

    A gliricídia também oferece benefícios agronômicos importantes. A biomassa gerada pelas podas pode ser usada como adubo orgânico, reduzindo a necessidade de fertilizantes químicos em até 30%. Isso reforça o papel do tutor vivo na conservação dos recursos naturais e no fortalecimento da agricultura de baixo carbono.

    Redução da pressão sobre as florestas

    Uma das principais vantagens do tutor vivo é a redução da dependência por madeira nativa. Especialmente as chamadas “madeiras de lei”, como acapu, maçaranduba e jarana, cuja extração é cada vez mais restrita devido à ameaça de esgotamento. Com a adoção do sistema com gliricídia, os produtores deixam de usar essas espécies para estacões, contribuindo diretamente para a conservação da biodiversidade amazônica.

    Segundo a Embrapa, a área cultivada com tutor vivo saltou de 80 hectares em 2014 para 421 hectares em 2024.  Um crescimento de mais de 400% em uma década. A parceria entre a Embrapa e empresas como a Tropoc, exportadora de pimenta-do-reino do Pará para diversos países, impulsiona a disseminação da tecnologia. Como, por exemplo, Alemanha, Estados Unidos, Emirados Árabes e Egito.

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    Protagonismo brasileiro na produção mundial

    O Brasil é atualmente o segundo maior produtor mundial de pimenta-do-reino, com cerca de 130 mil toneladas em 2023, segundo dados do IBGE. O Espírito Santo lidera a produção nacional, com 61% do total, seguido pelo Pará, que colheu 38 mil toneladas em 18 mil hectares cultivados. Apesar da tradição capixaba, o Pará tem se destacado pela adoção de práticas sustentáveis que aliam conservação ambiental com viabilidade econômica.

    Para João Paulo Both, analista da Embrapa, o sistema com tutor vivo é um exemplo claro de como é possível aumentar a produção agrícola sem desmatamento. “Estamos mostrando ao mundo que dá para produzir pimenta-do-reino de alta qualidade sem cortar uma única árvore na Amazônia”, afirma. A expectativa é de que, com a visibilidade internacional durante a COP30, o modelo se torne referência para outros cultivos sustentáveis no Brasil e no mundo.

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    Embrapa Amazônia Oriental Espírito Santo Gliricidia sepium Pará pimenta-do-reino sistema de produção da pimenta-do-reino em tutor vivo tutor vivo
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    Um dos poucos jornalistas tímidos do mundo, evita aparecer pois sabe que a notícia é sempre mais importante. Trabalhando com jornalismo durante mais de vinte anos, em todas as editorias, já viajou o mundo cobrindo o agronegócio (e o entretenimento). Acredito que a sustentabilidade e o agro andam juntos, e que somos um exemplo para o mundo, além de celeiro da humanidade.

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