No Dia Internacional da Mulher, destacamos o crescimento da participação feminina em diversas profissões. Empresas de diferentes setores têm investido em programas de inclusão e desenvolvimento para ampliar as oportunidades e valorizar o protagonismo das mulheres.
A Eldorado Brasil Celulose é um exemplo de empresa que aposta na diversidade, garantindo a presença feminina em áreas antes dominadas por homens, como inovação, tecnologia, operações e sustentabilidade.

“Empenhada cada vez mais em ter um olhar especial e inclusivo para as mulheres, desde o processo seletivo até a fomentacão de novas lideranças, a Eldorado ampliou a participação feminina. A empresa desenvolve programas específicos, como a mentoria, promovendo um ambiente de valorização”, explica Ana Carolina Tessarini, gerente de Desenvolvimento, Atração e Seleção da empresa.
Agda Maria de Oliveira Silva, de 32 anos, da etnia Guarani Kaiowa, iniciou como ajudante florestal e, após um curso de operação de tratores, hoje comanda uma das máquinas em campo.

“Me senti bem valorizada enquanto profissional, pessoa e mulher. Algumas pessoas pensam que ser tratorista é profissão masculina, mas mostramos que não. As mulheres podem estar onde quiserem”, destaca Agda.
Para reforçar essa inclusão, a empresa criou em 2024 sua primeira turma de tratoristas composta apenas por mulheres. Formada por oito colaboradoras, o treinamento foi alinhado com o Programa Trilha de Carreira, que impulsiona o desenvolvimento profissional de forma igualitária, fortalecendo a confiança para que elas ocupem quaisquer posições almejadas, seja como tratorista ou em cargos de liderança.
Mulheres nas estradas: força sobre rodas
Letícia Rios de Lima, de 35 anos, é motorista de tritrem na Eldorado Brasil, transportando madeira em caminhões de até 30 metros e com capacidade para o transporte de até 74 toneladas.

“Ser motorista de tritrem é uma conquista, pois estamos ocupando uma vaga que antes era só masculina. Mostramos nossa força para toda a sociedade”, enfatiza Letícia.
A segurança é prioridade na empresa, que investe em tecnologia para otimizar a gestão logística e garantir melhores condições de trabalho para os condutores. Aliás, a tecnologia embarcada nesses veículos, aliada à gestão logística, permite tomadas de decisões rápidas, elevando o desempenho da operação e a disponibilidade dos caminhões e garantindo mais segurança para os condutores.
Mulheres na liderança: transformando o setor portuário
Em Santos (SP), Fernanda de Souza Machado atua como especialista em Segurança Aduaneira e Regulatória no Terminal EBLog.
“A Eldorado Brasil tem dado abertura para que a presença feminina no setor portuário cresça, promovendo diversidade, inovação e competitividade”, ressalta Fernanda.

Na rotina do trabalho, Fernanda alia resiliência, conhecimento técnico e capacidade de adaptação para lidar com uma estrutura complexa e um ambiente regulatório em constante evolução que exigem sustentabilidade nas operações logísticas, tecnologia e visão estratégica para antecipar e mitigar riscos. Além disso, como mulher, atuando em um ambiente historicamente masculino, um desafio adicional é reforçar a presença feminina em espaços de decisão. “Felizmente, vejo mudanças positivas e mais oportunidades para mulheres assumirem papéis estratégicos no setor”, diz a especialista
Mulheres na indústria: crescimento e apoio
A operadora de painel do setor de águas, Isabela Cristina da Silva Alves, de 18 anos, celebra a evolução da presença feminina na indústria.
“Ver essa mudança e fazer parte de uma gestão que valoriza talentos é um orgulho. Sempre tive apoio para crescer profissionalmente e conciliar a carreira com a maternidade”, afirma Isabela, mãe de dois filhos.

Durante a segunda gravidez, ela recebeu apoio do programa “Gerar Saúde do Bebê”, que oferece suporte integral às gestantes da empresa.
Engenharia: a evolução da presença feminina
A presença feminina na engenharia também cresce. Em 2019, apenas 12% dos registros profissionais eram de mulheres, percentual que chegou a 20% em 2023. Do total de 1,1 milhão de registros profissionais, apenas 200 mil pertencem ao público feminino, incluindo, além de engenheiras, agrônomas, meteorologistas, geógrafas e geólogas, entre outras profissões do sistema.
A engenharia civil é a preferência delas na hora da escolha do curso, conforme aponta a análise dos dados do Censo da Educação Superior, realizado pelo Ministério da Educação. Entre as 25.934 concluintes dos cursos de engenharia em todo o país no ano de 2023, pouco mais de 8 mil, ou 30%, optaram pela Civil.
Victória Fassioni, de 27 anos, engenheira civil em Goiânia, comemora sua trajetória.
“A engenharia me escolheu. Sempre fui determinada e nunca pensei que poderia ser subjugada por ser mulher. Com respeito e competência, vamos rompendo barreiras culturais”, conta Victória, que comanda sua primeira obra de grande porte.

Mas mesmo tendo consciência da enorme responsabilidade que tem, isso não assusta a jovem engenheira, que diz do que mais gosta em sua profissão. “O que me atraiu na Engenharia Civil é o dinamismo do dia a dia de uma obra, os desafios de subir uma obra do zero e ver as atividades acontecendo. Gosto muito também dessa questão de comandar as equipes de uma obra, que tem funções específicas, mas igualmente importantes para todo o conjunto da obra”, enfatiza.
Empresas inclusivas transformam carreiras
A Aperam South America, maior produtora de aços planos especiais da América Latina, criou um programa de inclusão em 2021, ampliando a contratação de mulheres e sua presença em cargos de liderança.
Gisele Polati, que iniciou como estagiária, hoje é CFO da empresa, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo de diretora da Aperam. A promoção ao cargo de CFO (Chief Financial Officer) veio logo após seu retorno da licença-maternidade, algo ainda pouco comum no mundo corporativo.

“Parece óbvio, mas não é como o mercado funciona para as mulheres. Fico feliz por ser a primeira e espero não ser a única”, afirma.
Inclusão na indústria e no agro
A Aperam não só incentiva a presença feminina em posições de liderança, mas também promove a inclusão das mulheres na indústria e no agronegócio. A operadora de alto-forno Jessica Fernandes Carvalho Sudário, que trabalha na siderúrgica de Timóteo (MG), ocupa uma função que ainda hoje, segundo ela, “muitos dizem ser para homem”

Edilaine Soares da Rocha conquistou o cargo de operadora de máquinas na Aperam BioEnergia. Ela opera pás carregadeiras e equipamentos específicos para efetuar a carga de madeira e a descarga de carvão na área dos fornos, bem como realiza o carregamento de carretas e a limpeza e conservação das praças de estocagem. “Lugar de mulher é onde ela quiser”, enfatiza Edilaine.

Rayane Ferreira da Silva, inicialmente foi contratata como auxiliar de silvicultura, e ficou nesta função por dois anos. Rayane hoje, também atua como operadora de máquinas na empresa. “Meu primeiro dia foi muito difícil, achei que não ia dar conta, mas continuei. Às vezes, me pego pensando que, se estivesse desistido no início, não estaria aqui hoje onde estou, não teria conquistado as coisas que conquistei. Estou muito feliz e muito orgulhosa de mim”, conta

Crescimento da mão de obra feminina no agronegócio impulsiona diversidade
Entre 2023 e 2024, o setor registrou um aumento de mais de 300 mil mulheres, consolidando a presença feminina em diversas áreas, desde a gestão de propriedades rurais até os centros de pesquisa e cargos de representação técnica.
De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), no terceiro trimestre de 2024, o número de mulheres no agronegócio alcançou 10.751.012, um aumento de 332.343 em relação ao mesmo período de 2023. Esse crescimento demonstra que o campo está se tornando mais jovem, tecnológico e, sobretudo, mais feminino.

A valorização da experiência familiar e a busca por conhecimento técnico têm sido fatores determinantes para o sucesso das mulheres no agronegócio. Muitas, como Izabela Batalini, unem o legado familiar à formação acadêmica, aplicando seus conhecimentos em áreas como administração, finanças e agronomia.

A pesquisa e o desenvolvimento de soluções inovadoras também atraem mulheres talentosas para o setor. Ana Claudia Ruschel, pesquisadora em Fitopatologia na Fundação MS, trilhou um caminho de dedicação e estudo para levar tecnologias eficientes aos produtores rurais.

No campo, a presença feminina se destaca na representação técnica e nas vendas. Dayanne Mororó, Representante Técnica de Vendas da BRANDT Brasil, conecta inovações tecnológicas às necessidades dos produtores, contribuindo para otimizar resultados e garantir a produtividade.
Investir em diversidade dá lucro
As experiências dessas mulheres mostram que as empresas, como Eldorado e da Aperam, que investem em diversidade têm colhido resultados positivos, promovendo ambientes mais inovadores, igualitários e produtivos.
Neste 8 de Março, Dia da Mulher, histórias como as dessas profissionais não apenas celebram conquistas, mas reforçam a urgência de ambientes inclusivos. Como ressalta Gisele Polati: “Diversidade não é só um ideal – é um motor para negócios mais competitivos e humanos”.
Apesar dos avanços, a participação feminina no agronegócio ainda enfrenta desafios, como a desigualdade salarial e a necessidade de maior reconhecimento. No entanto, o crescimento do número de mulheres no setor e o destaque que vêm alcançando em diferentes áreas são sinais de que o agronegócio brasileiro está caminhando rumo a um futuro mais diverso e igualitário.
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