O preço do ovo no Brasil alcançou o patamar mais elevado em 22 meses, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Em fevereiro de 2025, a caixa com 30 dúzias de ovos brancos chegou a R$ 227, um aumento de 61% no mesmo período . O cenário combina fatores climáticos, custos de produção e demanda sazonal, criando um desafio para consumidores e produtores.
As ondas de calor recordes no verão brasileiro afetaram diretamente a produtividade das galinhas. Com temperaturas acima de 40°C em algumas regiões, as aves sofrem estresse térmico, desviando energia para regular a temperatura corporal e reduzindo a postura em 5% a 10%. Para mitigar o problema, granjas investiram em climatização, mantendo os galpões a 10°C, mas o custo adicional pressionou ainda mais os preços.
Milho e soja: ração mais cara eleva custo
A ração, composta principalmente por milho (60%) e soja (30%), registrou aumentos significativos. A saca de milho de 60 kg subiu 32% desde setembro de 2024, alcançando R$ 79 em fevereiro. Somam-se a isso os custos de embalagens, que dispararam mais de 100% em oito meses, segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) 68. “O repasse aos preços finais tornou-se inevitável”, destacou o Instituto Ovos Brasil.
A proximidade da Quaresma (5 de março a 17 de abril) tradicionalmente impulsiona o consumo de ovos, já que muitos católicos substituem carnes vermelhas por proteínas brancas. Além disso, o retorno das aulas aumentou a demanda por merendas escolares, enquanto a alta nos preços da carne bovina levou consumidores a optarem pelo ovo como alternativa.
Exportações e produção interna: impacto limitado, mas em alerta
Embora as exportações de ovos brasileiros para os EUA tenham crescido 22,1% em janeiro (220 toneladas), elas representam menos de 1% da produção nacional. A ABPA ressalta que o mercado interno ainda é prioritário, com expectativa de produzir 59 bilhões de unidades em 2025. No entanto, especialistas alertam que um aumento contínuo nas vendas externas poderá tensionar a oferta doméstica. Ainda mais com a crise do preço dos ovos que ocorre nos Estados Unidos.
Perspectivas: quando o preço deve cair?
A ABPA projeta normalização dos preços a partir de meados de abril, após o fim da Quaresma, com o reequilíbrio entre oferta e demanda. Para 2025, estima-se aumento de 3,4% na produção, o que pode estabilizar os valores. Além disso, a expectativa de maior oferta de milho e soja no mercado interno deve aliviar os custos de ração.
Impacto no bolso do consumidor
- Consumo per capita: Em 2025, o brasileiro deve consumir 272 ovos/ano, ante 242 em 2023.
- Peso dos ovos: Nova regulamentação reduziu o peso médio em 10 gramas por unidade, afetando o custo-benefício.
Enquanto isso, supermercados relatam alta de até 40% nos preços atacadistas, com cartelas sendo vendidas a R$ 30 em algumas regiões. Para especialistas, o cenário reforça a importância de políticas que equilibrem custos de produção e acesso a alimentos essenciais.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Inovação e tecnologia revolucionam o futuro do campo
+ Agro em Campo: Mills investe R$ 80 milhões em tratores John Deere