Em Pires de Cima, bairro rural de colonização alemã em Limeira (SP), os irmãos Douglas e Cassiana Carradas estão escrevendo um novo capítulo na história de sua propriedade familiar centenária. Há três anos, eles decidiram investir na produção sustentável de palmito pupunha, uma cultura incomum na região, com apoio técnico da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
O Sítio Carradas, antes dedicado ao cultivo convencional de grãos, hoje divide espaço com uma plantação de pupunheiras (Bactris gasipaes), palmeira originária da Amazônia. A transição para o Protocolo de Agroecologia — sistema que prioriza práticas sustentáveis e equilíbrio ambiental — contou com orientação da engenheira agrônoma Carla de Meo, da Casa da Agricultura de Limeira.

“Queríamos algo alinhado à preservação ambiental. O palmito pupunha surgiu como alternativa viável e rentável”, explica Cassiana Carradas. A escolha não foi ao acaso: a espécie permite colheita contínua por até 10 anos, sem necessidade de replantio, graças ao perfilhamento (brotos laterais), e substitui a extração predatória de palmitos nativos.
Apoio técnico e investimento
O projeto exigiu planejamento detalhado. “Estudamos mercado, custos e adaptações, como irrigação por gotejamento, crucial para o desenvolvimento das mudas trazidas do Vale do Ribeira”, relata Carla. A família acessou recursos do Feap Mulher, linha de crédito do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista, para perfuração de poço, garantindo água para a produção.
Inicialmente voltada à indústria, a produção migrou para vendas diretas. “O retorno foi surpreendente. Comercializamos em feiras, para restaurantes e clientes finais, com preços que variam conforme o corte — o ‘coração’ do palmito é o mais valorizado”, destaca Douglas.

A qualidade do produto, colhido no ponto ideal para garantir maciez, conquistou chefs e consumidores. Cada planta rende até 3 kg de palmito, processado artesanalmente no sítio — do cozimento em panela de pressão ao acondicionamento em vidros esterilizados.
Sustentabilidade que alimenta o futuro
Além da rentabilidade, os irmãos enxergam na pupunha um legado ambiental. “É uma cultura perene que protege o solo e evita desmatamento”, ressalta Carla. A propriedade serve agora como modelo para outros produtores interessados em transição agroecológica.
Para os Carradas, o sucesso vai além dos números. “Estamos honrando a história dessa terra, que pertence à família há gerações, mas com olho no futuro”, finaliza Cassiana.
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