A chegada do inverno exige atenção redobrada dos produtores de leite, especialmente em regiões como Santa Catarina, quarto maior produtor nacional, onde a qualidade das pastagens é determinante para manter bons índices produtivos durante os meses mais frios. O sucesso da pecuária leiteira no inverno depende de três pilares: manejo eficiente do pasto, ajuste nutricional da dieta e planejamento estratégico da propriedade.
Entre março e abril, produtores já iniciam a preparação das áreas de pasto que alimentarão o rebanho no inverno. Culturas como aveia, trigo forrageiro, centeio e azevém são sobressemeadas sobre pastagens perenes de verão, como Tifton 85 e Capim-Pioneiro. POrtanto, garantindo uma oferta contínua de forragem de alto valor nutritivo. Essas pastagens de inverno, classificadas como “rações verdes”, apresentam mais de 20% de proteína bruta. E fornecem cerca de 70% da energia necessária aos animais. Desta forma, tornando-se fundamentais para a produção de leite e carne durante o período de menor crescimento das gramíneas tropicais.
A técnica de sobressemeadura, que consiste em semear espécies de inverno sobre pastagens de verão, pode aumentar em até 30% a produção de forragem, reduzindo custos com alimentação e melhorando a qualidade da dieta do rebanho. O manejo correto inclui o controle da altura do pasto, com entrada entre 25 e 30 cm e saída entre 10 e 12 cm. E o escalonamento do plantio, evitando que toda a área atinja o ponto de corte ao mesmo tempo e otimizando o aproveitamento da forragem.
Qualidade das sementes e solo são essenciais
A escolha de sementes certificadas e a atenção à fertilidade do solo são fatores decisivos para o sucesso das pastagens de inverno. Pastagens mais produtivas exigem maior reposição de nutrientes, e os produtores podem adotar práticas sustentáveis ao manter o gado por mais tempo nos piquetes, utilizando o esterco e a urina dos animais para devolver parte dos nutrientes ao solo.
No inverno, a dieta do rebanho deve ser ajustada para suprir as necessidades energéticas e proteicas dos animais. Além disso, a inclusão de concentrados energéticos, como milho e soja, além de minerais e tamponantes, ajuda a equilibrar o gasto energético e a aumentar a produção de leite. Quando a oferta de forragem não é suficiente, o uso de silagem de grama ou milho é recomendado como complemento alimentar.
O pastejo rotacionado também é uma estratégia eficiente para preservar a qualidade das pastagens. E também garantir oferta constante de alimento, reduzindo a necessidade de suplementação volumosa.
Planejamento é diferencial para lucratividade
O inverno favorece a produção de leite, já que as temperaturas mais baixas aumentam o bem-estar de vacas de raças como Jersey e Holandesa, que sofrem menos estresse térmico e melhoram o desempenho reprodutivo. O planejamento antecipado permite concentrar partos e inseminações nos meses de julho e agosto, aproveitando o pico de produção e a alta demanda do mercado.
Com manejo adequado, ajuste nutricional e planejamento, o produtor garante não apenas a manutenção, mas o aumento da produção de leite no inverno, reduz custos e aproveita as melhores oportunidades do mercado, consolidando a sustentabilidade e a rentabilidade da atividade leiteira.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Vaca dá à luz trigêmeos em caso raro na pecuária
+ Agro em Campo: Grão Mogol impulsiona produção de vinhos no sertão mineiro