A Petrobras e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) firmaram uma parceria para impulsionar o mercado de crédito de carbono na Amazônia. O acordo prevê um investimento inicial de R$ 450 milhões na restauração florestal e pode alcançar R$ 1,5 bilhão. O BNDES concederá financiamentos para projetos de recuperação de áreas degradadas.30
O protocolo de intenções foi assinado nesta segunda-feira (31), no Rio de Janeiro, pelos presidentes da Petrobras, Magda Chambriard, e do BNDES, Aloizio Mercadante. Batizado de ProFloresta+, o programa busca ampliar a cobertura vegetal nativa e gerar empregos na região amazônica.
Financiamento e impacto ambiental
A Petrobras destinará os R$ 450 milhões à compra de créditos de carbono. Já o BNDES oferecerá empréstimos para projetos de restauração, utilizando recursos do Fundo Clima. A linha de crédito terá juros de 1% ao ano, bem abaixo da taxa Selic, atualmente em 14,25% ao ano.
A iniciativa prevê a recuperação de 3 mil hectares na fase inicial. A meta é alcançar 15 mil hectares com cinco projetos e gerar 5 milhões de créditos de carbono. Isso representa o plantio de cerca de 25 milhões de árvores e a criação de 1,7 mil empregos.
Para Magda Chambriard, a ação reforça o compromisso ambiental da Petrobras. “Trata-se de uma revolução verde. É um projeto estruturante para combater as mudanças climáticas”, afirmou.
O ProFloresta+ poderá atingir 50 mil hectares em 25 anos, com um investimento total de R$ 1,5 bilhão. O programa tem potencial para capturar 15 milhões de toneladas de carbono, o equivalente às emissões anuais de quase 9 milhões de veículos movidos a gasolina.
Edital e participação
Empresas e interessados podem enviar contribuições até 28 de abril. O edital para compra de créditos de carbono será publicado em julho de 2025.
Brasil na liderança ambiental
O presidente do BNDES destacou a importância do projeto diante das recentes crises climáticas, como as enchentes no Rio Grande do Sul e a maior seca da Região Norte em 121 anos. Para Mercadante, o Brasil deve liderar a agenda ambiental e tornar a COP30, que acontecerá em novembro, em Belém, um marco na luta contra o aquecimento global.
“O plantio de árvores é uma resposta decisiva à crise climática”, ressaltou. O BNDES já financia projetos de conservação, mas o ProFloresta+ é voltado exclusivamente para recuperação de áreas degradadas.
Transformação no mercado de carbono
A iniciativa pretende impulsionar o mercado de carbono ao garantir previsibilidade de preços para projetos ambientais. Segundo a diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello, restauradores enfrentam dificuldades devido à falta de garantias de financiamento e compradores de créditos de carbono.
“O ProFloresta+ inverte essa lógica ao gerar uma demanda firme para o mercado, criando um ambiente de confiança”, explicou Campello. Os restauradores poderão vender os créditos sem obrigatoriedade de contratar empréstimos do banco público.
Como funciona o mercado de carbono
O mercado de carbono permite a compra e venda de créditos para compensar emissões de dióxido de carbono (CO2), principal responsável pelo efeito estufa. Projetos que preservam ou restauram áreas florestais capturam carbono da atmosfera e geram créditos, que podem ser adquiridos por empresas para compensar suas emissões.
Em dezembro de 2023, o Brasil sancionou a Lei 15.042, que regulamenta esse mercado no país.
Horizonte de longo prazo
O diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim, destacou que o projeto reduz a incerteza para investidores. “A restauração florestal leva anos para gerar créditos. Com o leilão, o investidor já conhece o preço futuro, garantindo previsibilidade financeira”, afirmou.
A certificação dos créditos ficará a cargo de uma empresa especializada, dentro de um modelo de parceria público-privada. Para Magda Chambriard, além de garantir a demanda por créditos de carbono, a Petrobras também poderá lucrar com a iniciativa.
“O crédito de carbono funciona como uma ação. Podemos comprar e vender conforme o mercado se desenvolve e ganha liquidez”, explicou. Mercadante reforçou que a estruturação desse mercado criará mais oportunidades para projetos ambientais no Brasil.
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