O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou uma portaria que declara estado de emergência fitossanitária nos estados do Amapá e Pará em razão do risco de surto da praga quarentenária Rhizoctonia theobromae (Ceratobasidium theobromae), causadora da vassoura-de-bruxa-da-mandioca.
Equipes da Embrapa Amapá e da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA) inicialmente constataram a presença do fungo em plantios de mandioca nas terras indígenas de Oiapoque, na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. A infecção por esse fungo representa um alto risco para a produtividade das plantas afetadas. Até o momento, a praga ocorreu nos municípios amapaenses de Oiapoque, Calçoene, Amapá, Pracuúba, Tartarugalzinho e Pedra Branca do Amapari.
Ações coordenadas pelo Mapa
Cristiane Ramos de Jesus, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Amapá, explica que as pragas quarentenárias presentes são aquelas exóticas que estão no país com distribuição restrita e sob controle oficial. “A partir da definição desse status, todas as ações referentes a essa praga passam a ser coordenadas pelo Mapa. E com o auxílio das agências estaduais de defesa agropecuária,” afirma.
A Embrapa, autorizada pelo Mapa, continua a executar projetos de pesquisa e desenvolvimento financiados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Essas iniciativas visam promover a segurança alimentar dos povos indígenas de Oiapoque, com foco na implantação de campos de multiplicação de manivas-semente de mandioca que são tolerantes à praga, além da diversificação de culturas como alternativa de renda.
A portaria de emergência fitossanitária tem validade de um ano e busca reforçar medidas preventivas para evitar a dispersão da praga para outras áreas cultiváveis. O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, destacou que essa medida demonstra o reconhecimento do problema pelo Mapa. “Durante a vigência do estado de emergência fitossanitária, todas as ações necessárias para erradicar a praga poderão ser adotadas com mais agilidade,” afirmou.
Mobilização
Francisco Laranjeira, chefe-geral da Embrapa Mandioca e Fruticultura, acredita que a declaração da emergência permitirá uma maior celeridade nas ações para contenção da praga. “Isso transmite à cadeia produtiva o necessário senso de urgência para que todos colaborem nessa luta,” enfatizou. Ele ressaltou a importância de ações coletivas entre produtores, pesquisadores, extensão rural, defesa fitossanitária e operadores políticos.
A publicação da portaria estabelecerá um Comando Nacional Emergencial, que reunirá diversas instituições públicas federais, estaduais e municipais. Além do setor privado, para coordenar as ações necessárias no enfrentamento à praga. Essa mobilização é crucial para proteger os cultivos de mandioca e garantir a segurança alimentar nas regiões afetadas.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Novo inseticida contra cigarrinha-do-milho e a mosca-branca
+ Agro em Campo: Carne: JBS faz acordo de US$ 83,5 milhões nos Estados Unidos