O tomate voltou a pesar no bolso do consumidor. O fruto liderou a alta entre os alimentos no IPCA de março, divulgado nesta sexta-feira (11) pelo IBGE. Em geral, em apenas um mês, o tomate encareceu 22,55%. No acumulado do ano, o aumento já chega a 52,9%.
A prévia da inflação (IPCA-15) já havia indicado a escalada. Ou seja, entre a segunda quinzena de fevereiro e a primeira metade de março, o tomate subiu 12,57%, com impacto de 0,03 ponto percentual no índice. Só ficou atrás do ovo, que avançou 19,44%. O café moído veio em seguida, com alta de 8,53%.
Alta tem origem no campo
Segundo especialistas, o clima é o principal responsável pela valorização do tomate. O calor intenso registrado no início do ano acelerou a maturação dos frutos. Como resultado, os produtores anteciparam a colheita, o que elevou a oferta momentaneamente. Num primeiro momento, a oferta superou a demanda. Logo depois, no entanto, os estoques caíram. Com menos tomate no mercado, os preços dispararam.
Atacado sentiu primeiro os efeitos
Ainda em março, a Conab alertou para a tendência de alta nas principais centrais de abastecimento. Na Ceagesp, em São Paulo, o tomate ficou 142% mais caro em relação a fevereiro. Em Belo Horizonte, a alta passou de 50%. No Rio de Janeiro, os preços subiram 65%. Apenas Fortaleza registrou estabilidade no período.
As cotações já vinham subindo desde fevereiro. Segundo a Conab, a média nacional dos preços avançou 19,69% no mês. O maior reajuste ocorreu no Rio de Janeiro, com 34,60%, seguido por Vitória (ES), com 34,12%. Na Ceagesp, a alta foi de 22,29%.
Alívio começa a chegar ao consumidor
Em abril, os preços começaram a cair no campo. Ou seja, dados do Cepea mostram que, entre 31 de março e 4 de abril, o tomate salada tipo 3A foi vendido a R$ 76,56 em São Paulo. A queda foi de 10,9% em relação à semana anterior. Ao mesmo tempo, em Campinas (SP), a caixa caiu 12,4%, fechando em R$ 85,50. No Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, as quedas foram de 4,3% e 2,8%, respectivamente. As cotações ficaram em R$ 73,68 e R$ 72,35 por caixa.
Em geral, o recuo se deve ao aumento da oferta. Começou a safra de inverno nas principais regiões produtoras. A segunda parte da safra de verão em Reserva (PR), maior polo produtor do estado, também pressionou os preços para baixo. Apesar disso, a colheita no Paraná atrasou cerca de 15 dias. Segundo o Cepea, o clima nublado e a presença da mosca-branca prejudicaram o desenvolvimento das lavouras. Ou seja, a praga, favorecida pelo clima seco e quente entre janeiro e março, pode causar perdas de até 25%. A produtividade pode cair de 330 caixas por mil plantas para até 250 caixas.
Preços devem cair mais até maio
A expectativa é de que a colheita atinja o pico em abril, especialmente na região de Reserva (PR). A partir de maio, a oferta deve voltar a cair. Em outras áreas produtoras, como Paty do Alferes (RJ) e Venda Nova do Imigrante (ES), o calor também antecipou a maturação. A colheita precoce elevou a oferta, o que deve continuar pressionando os preços no curto prazo.
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