O Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, está à frente de um projeto inovador para viabilizar a produção de camarões marinhos em água salinizada, longe do oceano. Em parceria com empresas privadas e com o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola (Fundag), o objetivo é criar uma alternativa sustentável e economicamente viável para os produtores aquícolas.
A pesquisa está sendo realizada em Jaguariúna, interior de São Paulo, utilizando uma estrutura que simula as condições reais do cultivo. A tecnologia envolve a salinização artificial da água, replicando os sais presentes no ambiente marinho: cloreto, sódio, cálcio, potássio, sulfato e magnésio. Embora a salinidade específica não seja essencial para os camarões marinhos — que precisam desses sais — essa abordagem permite produzir em regiões distantes do litoral.
Desafios e vantagens
O grande desafio está na densidade de estocagem: alcançar altas densidades é crucial para tornar o cultivo economicamente viável. O pesquisador Fábio Sussel trabalha com até 300 camarões por metro cúbico. As vantagens incluem a possibilidade de produzir em áreas interioranas sem pressionar ecossistemas costeiros e ampliar oportunidades econômicas para pequenos produtores.
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Além disso, o cultivo controlado permite um manejo eficiente da qualidade da água e alimentação dos animais. O uso exclusivo de água captada da chuva sem descarte ao meio ambiente destaca ainda mais sua sustentabilidade.
Perspectivas
“O maior desafio é lidar com patógenos em alta densidade”, afirma Sussel. “No entanto, isso não difere dos desafios enfrentados globalmente na carcinicultura.” Para superá-los estão sendo desenvolvidos protocolos específicos visando equilibrar produtividade e sanidade animal.
Com essa iniciativa inovadora no setor aquícola brasileiro — principalmente no estado mais consumidor como São Paulo — há expectativas significativas tanto econômicas quanto ambientais para fortalecer essa cadeia produtiva localmente enquanto se reduzem impactos nos ecossistemas costeiros tradicionais.
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