O cultivo de Robustas Amazônicos tem revolucionado a produção cafeeira na região Norte do Brasil. Com o uso de variedades clonais e tecnologias da Embrapa, produtores familiares estão alcançando até 120 sacas por hectare, ampliando a produtividade e a qualidade dos grãos.
Originalmente cultivados em Rondônia, os Robustas Amazônicos já estão presentes no Acre, Amazonas e Roraima. O aprimoramento genético e técnicas modernas de manejo têm sido essenciais para aumentar a competitividade do setor. Segundo a pesquisadora Aureny Lunz, os cafés seminais possuem alta variabilidade genética, o que impacta negativamente a produtividade. Em contraste, os cafés clonais oferecem maior uniformidade de maturação e qualidade dos grãos, permitindo um planejamento eficiente da colheita.
Salto na produtividade
De acordo com Enrique Alves, pesquisador da Embrapa Rondônia, a cafeicultura na Amazônia passou de um modelo extrativista para uma produção tecnológica e sustentável. Enquanto a média de produtividade em estados como Acre e Rondônia chega a 45 e 52 sacas por hectare, respectivamente, algumas propriedades atingem entre 120 e 200 sacas.
O agricultor Wanderlei de Lara, de Acrelândia (AC), relata que sua produção saltou de 20 para 120 sacas por hectare desde 2016, quando adotou clones de Robustas Amazônicos e boas práticas de manejo e irrigação. Esse incremento permitiu modernizar a propriedade e agregar valor ao produto, que é comercializado torrado e moído.
Cooperativas e sustentabilidade
A formação de cooperativas tem sido fundamental para fortalecer a cafeicultura na região. No Vale do Juruá, a Coopercafé, criada em 2021, incentiva o cultivo de clones clonais, reunindo 92 produtores. O agricultor Romualdo da Silva, de Mâncio Lima (AC), conseguiu um rendimento de 120 sacas por hectare e criou sua própria marca, o café Vô Raimundo, hoje vendido em mercados locais.
A agrônoma Michelma Lima, da Secretaria de Agricultura do Acre, destaca que os investimentos em tecnologia têm impulsionado a cafeicultura no estado, garantindo maior eficiência produtiva e redução de custos.
A propriedade da família Bento, em Cacoal (RO), tornou-se referência na produção de cafés Robustas Amazônicos e no turismo rural. Com produtividade de 100 sacas por hectare, a família recebe cerca de 2.000 turistas por mês interessados na cultura cafeeira. Concursos estaduais e nacionais reconheceram a qualidade do café, resultado de técnicas aprimoradas de colheita e fermentação.
Cafeicultura indígena e sustentabilidade
O cultivo de cafés Robustas Amazônicos também tem gerado impacto positivo em terras indígenas. O “Projeto Tribos”, do Grupo 3 Corações, em parceria com a Embrapa, promove um modelo de produção que valoriza a sustentabilidade e o protagonismo indígena. Famílias Suruí de Rondônia já produzem cafés premiados, enquanto a comunidade Kauwê, em Roraima, comercializa o Café Uyonpa, garantindo renda média de R$ 4.000 por mês.
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O analista da Embrapa Roraima, Lourenço Cruz, ressalta que o apoio a essas comunidades é essencial para consolidar a atividade cafeeira como alternativa econômica sustentável.
Reaproveitamento de áreas degradadas
No Amazonas, o cultivo de Robustas Amazônicos está sendo utilizado para recuperar áreas degradadas. Segundo Edson Barcelos, pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, a cafeicultura já está presente em dez municípios, com cultivos predominantemente em pequenas propriedades. A família Lins, em Silves (AM), obteve um aumento significativo na produtividade e conquistou o prêmio Florada Premiada 2024, evidenciando a qualidade dos grãos amazônicos.
![robustas café](https://agroemcampo.ig.com.br/wp-content/uploads/2025/02/foto-Rafael_Rocha-Embrapa-cafe-clonal-Robusta-Amazonico.jpg)
A expansão da cafeicultura na Amazônia está transformando a realidade dos pequenos produtores, gerando renda, promovendo sustentabilidade e colocando o café da região em destaque no mercado nacional e internacional.
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