Cafeicultores de Cruzeiro do Sul, Xapuri e Acrelândia iniciaram testes com clones de Robustas Amazônicos em parceria com a Embrapa. Em resumo, mais de quatro mil mudas clonais foram distribuídas para avaliar a produtividade das cultivares recomendadas pela pesquisa agropecuária.
Segundo Daniel Lambertucci, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Acre, o objetivo é validar atributos como alta produtividade, boa arquitetura, resistência a doenças e qualidade da bebida. “Vamos expandir as áreas de cultivo entre 0,3 e 0,6 hectares por produtor. Assim, eles poderão comparar os clones recomendados com os materiais que já utilizam”, explica.
Além disso, a iniciativa também busca ampliar o conhecimento dos produtores sobre essas cultivares. “Muitos desconhecem o potencial desses clones e continuam utilizando variedades tradicionais de Rondônia. Esperamos que, com o tempo, os Robustas Amazônicos ganhem destaque e sejam cada vez mais adotados pelo setor cafeeiro”, afirma Lambertucci.
Cafeicultores participantes
Os produtores Vanderlei Lara (Acrelândia), José Leite (Cruzeiro do Sul) e José Sebastião de Oliveira (Xapuri) testarão as variedades em suas propriedades. Eles integram o Programa de Qualidade do Café no Acre e já participaram de concursos que avaliam a qualidade dos grãos. “Esses cafeicultores receberam os clones e contarão com acompanhamento técnico da Embrapa”, destaca Manoel Delson Campos Filho, analista do setor de Transferência de Tecnologia do Juruá.
O produtor Vanderlei Lara comemora a parceria. “Estou muito feliz em testar esses clones na minha propriedade. Espero que os resultados incentivem outros produtores da região”, diz. Proprietário da Colônia Lara, em Acrelândia, ele conquistou o terceiro lugar no 2º Concurso de Qualidade do Café Robusta Amazônico do Acre em 2024.
Robustas Amazônicos: avanço na cafeicultura

A Embrapa Rondônia desenvolveu os Robustas Amazônicos, cultivares clonais híbridas validadas para a Amazônia Ocidental. O lançamento ocorreu em 2019, após mais de uma década de pesquisas. A pesquisadora Aureny Luz destaca que essas cultivares apresentam alto potencial produtivo e qualidade da bebida, quando manejadas corretamente. “A adoção de tecnologias de manejo, adubação e controle fitossanitário pode gerar grandes ganhos para os cafeicultores acreanos”, afirma.
Ao mesmo tempo, ela ressalta que a seleção de clones individuais permite aos produtores escolherem as variedades que melhor atendem suas necessidades. “A demanda por esses clones está crescendo. Além da Amazônia, há interesse no Nordeste e Sudeste, especialmente na Bahia e no Espírito Santo”, comenta.
O pesquisador Enrique Anastácio, da Embrapa Rondônia, destaca o clone BRS 1216, um dos que serão testados. “Esse material evita o tombamento das plantas e produz um café de alta qualidade, podendo atender ao mercado de especiais”, explica.
Parceria para difusão da tecnologia

A iniciativa faz parte do Termo de Ação Descentralizada do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Em resumo, o projeto, financiado por emenda parlamentar do ex-deputado Sérgio Jesus (PDT-AC), visa difundir as cultivares clonais e melhorar a produtividade e a qualidade do café no Acre.
Aquisição de mudas
O viveiro Agro Yaco, em Sena Madureira, é o único do estado credenciado pela Embrapa para comercializar mudas clonais de Robustas Amazônicos. O engenheiro agrônomo Paulo Beber, um dos proprietários, destaca o trabalho envolvido. “Levamos três anos para formar nosso jardim clonal. Portanto, esta é a primeira safra em que conseguimos distribuir mudas aos produtores da região”, explica.
Ou seja, com a adoção dessas cultivares, a expectativa é fortalecer a cafeicultura acreana e ampliar as oportunidades para os produtores locais.