De insumos ao céu, se o agronegócio brasileiro já lidera a produção global em várias culturas, a aviação agrícola, por sua vez, se tornou peça-chave para manter esse motor funcionando. Mais do que pulverizar, o avião agrícola passou a ser ferramenta estratégica na produtividade do campo, sobretudo em um cenário de alta nos custos e de crescente demanda por eficiência.
Além disso, se você ainda acha que esses aviões estão restritos a gigantes do agronegócio, é importante saber que a realidade mudou. Com linhas de crédito específicas, leasing, financiamentos e até consórcios, a aviação agrícola, atualmente, é uma possibilidade real para produtores de diferentes portes. Dessa forma, o acesso a essa tecnologia não se limita mais às grandes operações.
Atualmente, no Brasil, três modelos se destacam tanto nas lavouras quanto nos hangares: o brasileiro Ipanema, da Embraer, e os americanos Air Tractor e Piper Pawnee. Enquanto cada um atende perfis variados e necessidades específicas, eles são escolhidos por produtores que vão desde quem busca um avião de entrada, mais acessível, até aqueles que comandam grandes operações, com milhares de hectares e alta demanda de produtividade.
Ipanema: financiamento facilitado e economia no combustível

O Ipanema é, sem dúvida, o avião agrícola mais vendido no Brasil — são mais de 1.600 unidades entregues até hoje. Produzido pela Embraer, o modelo também se destaca mundialmente por ser o único avião certificado para operar exclusivamente com etanol, o que reduz tanto os custos operacionais quanto o impacto ambiental.
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Preço médio: de R$ 2,5 a R$ 2,7 milhões
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Capacidade: 950 litros de calda
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Financiamento: disponível via BNDES Finame, Pronaf e linhas privadas, com taxas a partir de 1,2% ao mês e prazos que chegam a 10 anos
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Custo operacional: entre R$ 1.300 e R$ 1.500/hora
Portanto, o Ipanema se tornou a escolha ideal para pequenos e médios produtores que buscam uma operação eficiente, econômica e com manutenção relativamente simples.
Air Tractor: leasing, financiamento e máxima produtividade

Por outro lado, quando a operação exige volume, velocidade e grande cobertura diária, o nome mais citado no mercado é o Air Tractor, nas versões AT-502B e AT-802A. São aeronaves robustas, equipadas com motores turboélice, que conseguem pulverizar grandes áreas em muito menos tempo, além de serem amplamente utilizadas no combate a incêndios.
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Preço AT-502B: cerca de R$ 6,5 milhões
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Preço AT-802: acima de R$ 13 milhões
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Capacidade: de 1.893 até 3.028 litros
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Custo operacional: entre R$ 2.300 e R$ 3.200/hora
Além disso, o financiamento de um avião agrícola é amplamente disponível no mercado. Bancos como Bradesco, Santander, Itaú e Banco do Brasil, bem como cooperativas de crédito e linhas oferecidas diretamente por fabricantes, oferecem opções de crédito e leasing. Isso permite que o produtor financie sem comprometer todo o seu capital de giro, ou ainda opte por trocar a aeronave após alguns anos, mantendo sempre modelos mais modernos.
Piper Pawnee: o avião agrícola de entrada mais acessível

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Preço: entre R$ 400 mil e R$ 600 mil (usado)
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Capacidade: 450 litros
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Custo operacional: cerca de R$ 1.000/hora
Além disso, o Piper se destaca pela simplicidade operacional. A manutenção, embora mais constante em modelos antigos, é barata e há boa disponibilidade de peças no mercado paralelo e especializado. Entretanto, seu uso é recomendado apenas para propriedades menores, onde a capacidade de carga e a autonomia atendem à demanda.
Tabela Comparativa: Preço, Custo Operacional e Capacidade
Modelo | Preço (R$) | Capacidade | Custo Hora Voo (R$) | Perfil Ideal |
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Ipanema EMB-203 | 2,5 a 2,7 milhões | 950 L | 1.300–1.500 | Pequenas e médias fazendas |
Air Tractor AT-502B | 6,5 milhões | 1.893 L | 2.300 | Grandes operações agrícolas |
Air Tractor AT-802 | 13 a 14 milhões | 3.028 L | 3.200 | Lavouras extensivas e incêndios |
Piper Pawnee (usado) | 400 a 600 mil | 450 L | 1.000 | Produtores de pequeno porte |
Atualmente, mais de 70% das aeronaves agrícolas adquiridas no Brasil são financiadas, segundo dados do setor. A boa notícia é que existem diversas linhas específicas, tanto públicas quanto privadas, que facilitam a compra.
Principais opções de financiamento:
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BNDES Finame Agrícola: financia até 100% do valor da aeronave, com prazos de até 120 meses e carência de até 24 meses.
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Pronaf Mais Alimentos: para produtores da agricultura familiar, com taxas subsidiadas e condições diferenciadas.
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Linhas privadas: oferecidas por bancos comerciais, com juros competitivos e possibilidade de amortização flexível.
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Leasing: modalidade que vem crescendo, permitindo ao produtor utilizar a aeronave sem necessidade de compra imediata, além de trocar o modelo ao final do contrato.
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Consórcios: alternativa interessante para quem pode aguardar contemplação, sem juros, pagando apenas a taxa de administração.
Seguro aeronáutico: proteção obrigatória e estratégica
Outro ponto fundamental no custo de operação é o seguro. Além do seguro da própria aeronave, é obrigatório no Brasil contratar o seguro de responsabilidade civil contra terceiros, que cobre eventuais danos fora da propriedade.
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Custo médio: entre R$ 150 mil e R$ 250 mil por ano, variando conforme o modelo, a cobertura escolhida e a região de operação.
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Principais seguradoras: Porto, Mapfre, HDI, Zurich e Bradesco Seguros, todas com produtos específicos para aviação agrícola.
Além disso, é possível contratar seguros adicionais que protegem contra roubo, incêndio no hangar, danos ambientais e acidentes operacionais.
Setor em expansão: tendências da aviação agrícola até 2026
O crescimento da aviação agrícola no Brasil é uma realidade. De acordo com o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), a frota brasileira deve crescer entre 15% e 20% até 2026, impulsionada por vários fatores:
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Crescente adoção de tecnologias embarcadas, como GPS de alta precisão, inteligência artificial e sistemas de controle de deriva.
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Expansão do uso de drones integrados às operações de pulverização aérea, especialmente para áreas sensíveis ou mapeamento.
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Maior acesso a linhas de crédito e financiamento, inclusive por meio de fintechs e bancos digitais voltados ao agro.
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Valorização de práticas sustentáveis, que incluem aeronaves com menor consumo de combustível e menor impacto ambiental, como o próprio Ipanema a etanol.
Portanto, seja com o robusto Air Tractor, com o versátil Ipanema ou com o econômico Piper Pawnee, investir em aviação agrícola deixou de ser uma aposta ousada e se tornou uma decisão estratégica.
O produtor rural que busca produtividade, eficiência e competitividade encontra, atualmente, uma série de opções de financiamento, leasing, seguro especializado e tecnologia de ponta em avião agrícola. Mais do que um custo, é hoje um investimento que voa alto no agronegócio brasileiro.
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