O projeto RePlanta Agave, desenvolvido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) em parceria com o governo da Bahia, por meio da Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre/BA), entrou em uma nova fase com o início do mapeamento e cadastro de produtores de agave no semiárido baiano. A meta é identificar pelo menos 400 agricultores, que receberão qualificação e orientação técnica desde a preparação do solo até a comercialização dos produtos agrícolas.
A iniciativa visa melhorar as condições de plantio, colheita e uso da biomassa residual da produção de fibra de sisal. E assim, criar uma rede qualificada de agricultores para a produção de biocombustível a partir do agave. O projeto contará com um investimento total de R$ 2,6 milhões para potencializar a cadeia produtiva do agave na região sisaleira da Bahia.
Mapeamento e qualificação
Entre janeiro e março deste ano, a Associação dos Agricultores e Agricultoras de Serrinha (APAEB Serrinha), vencedora do edital de chamamento público 012/2024, será responsável por mapear e cadastrar os agricultores da região semiárida, que abrange 21 municípios. Após o cadastro, a organização reunirá os produtores em turmas de 20 beneficiários por localidade, oferecendo capacitação técnica em várias etapas do processo produtivo, como preparação do solo, semeadura, manejo, colheita, armazenagem e comercialização.
Perpétua Almeida, diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, destacou a relevância do projeto para fortalecer a cadeia produtiva na Bahia. “Esse é um projeto alinhado à Nova Indústria Brasil (NIB) e representa nosso compromisso em transformar e fortalecer a indústria. O RePlanta Agave promove a transição energética, gera renda, empregos e sustentabilidade, transformando a economia local”, afirmou.
Potencial do agave
O agave é uma planta típica das regiões semiáridas e sua fibra é utilizada na produção de diversos produtos comerciais. No entanto, pesquisas recentes têm identificado alternativas para aproveitar tanto a fibra quanto os resíduos gerados durante o processo de extração. O foco agora é estruturar indústrias de sisal para a produção de biocombustível, especialmente etanol.
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Além do etanol, outros subprodutos derivados do agave incluem biometano, biohidrogênio verde e biochar — carvão vegetal utilizado para correção do solo — além de bioinseticidas e bioherbicidas.
O Brasil é o maior produtor mundial de fibra de sisal, com a Bahia respondendo por 90% da produção nacional. A agricultura familiar é predominante na região, tanto no plantio quanto na colheita.
O projeto RePlanta Agave representa uma oportunidade significativa para os agricultores do semiárido baiano ao promover práticas sustentáveis e inovadoras na produção agrícola. Com o suporte técnico adequado e investimentos direcionados, espera-se que essa iniciativa não apenas fortaleça a economia local, mas também contribua para um futuro mais sustentável na produção de biocombustíveis no Brasil.