O Rio Grande do Sul está testando diferentes formas de rastreabilidade individual de bovinos em um projeto piloto inovador no município de Hulha Negra. Coordenada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), a iniciativa integra o esforço estadual para garantir maior controle sanitário, transparência na cadeia produtiva e ampliar o acesso a mercados internacionais exigentes.
O projeto-piloto, realizado no Centro Estadual de Pesquisa e Diagnóstico em Sistema de Produção e Meteorologia Aplicada (CESIMET), avalia tecnologias como microchips, identificação biométrica nasal e integração de dados em tempo real. O objetivo é validar fluxos de informação entre produtores e o sistema oficial, consolidando a rastreabilidade como política pública robusta e funcional. “A presença de técnicos capacitados, somada à estrutura de pesquisa já existente no centro e equipe dedicada da Procergs, proporciona um ambiente ideal para a consolidação da rastreabilidade como política pública robusta, segura e funcional”, destaca Francisco Lopes, diretor adjunto do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Seapi.
O secretário adjunto da Seapi, Márcio Madalena, ressalta o pioneirismo gaúcho. “Como já estamos trabalhando com projeto piloto de identificação individual de bovinos no estado, já estamos trabalhando na modernização do nosso Sistema de Defesa Agropecuária (SDA). Estamos em constante construção e conversa com o setor produtivo, nós podemos fazer com que o Rio Grande do Sul seja um dos estados pioneiros na implementação da rastreabilidade bovina no país”.
Expansão do piloto e integração ao plano nacional
O piloto em Hulha Negra, iniciado em outubro de 2024, deve ser expandido para outras propriedades, incluindo o Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF), em Eldorado do Sul, e propriedades privadas ainda em 2025. O projeto serve de modelo para a implementação do Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (PNIB), lançado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em dezembro de 2024.
O PNIB prevê a identificação individual obrigatória de todo o rebanho bovino e bubalino do país até 2032, com início da identificação em 2027. O sistema utilizará dispositivos eletrônicos, como brincos de orelha, permitindo o acompanhamento detalhado da origem, movimentação e destino de cada animal. “O mundo todo exige a transparência de boas práticas, sejam elas ambientais, sociais ou trabalhistas. E nós temos essa capacidade. Não precisamos ter medo de abrir a rastreabilidade do nosso rebanho. Ninguém no mundo cumpre legislações tão restritivas como os produtores brasileiros”, afirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
Benefícios para sanidade animal e mercados internacionais
A rastreabilidade individual fortalece programas de saúde animal e aprimora a resposta a surtos epidemiológicos. Além de atender às exigências de mercados internacionais, tornando o Brasil mais competitivo na exportação de carne bovina. O Rio Grande do Sul, ao antecipar a adesão ao sistema, busca conquistar mercados e garantir maior segurança sanitária para o rebanho estadual.
Segundo Francisco Lopes, o piloto em Hulha Negra permite testar e aprimorar o sistema antes da obrigatoriedade nacional. “Vejo que o longo prazo de início da obrigatoriedade em nível nacional será uma oportunidade para o Rio Grande do Sul sair na frente. E com isso, conquistar mercados em nível estadual antes do Brasil como um todo”.
Cronograma nacional
O Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos prevê:
- 2024-2026: Construção da base de dados nacional
- 2027-2029: Início da identificação individual dos animais
- 2032: Prazo final para todo o rebanho estar identificado
A medida representa um avanço estratégico para a agropecuária brasileira, promovendo segurança alimentar, rastreabilidade e transparência em toda a cadeia produtiva.
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