A safra de pinhão 2025 no Rio Grande do Sul, iniciada oficialmente em 1º de abril, apresenta resultados considerados satisfatórios por agricultores e especialistas. Segundo estimativas da Emater/RS-Ascar, a produção deve alcançar cerca de 860 toneladas até julho. Isso mesmo algumas regiões mantendo oferta reduzida até setembro devido à presença de variedades tardias da Araucária Angustifolia, árvore nativa responsável pela semente símbolo da cultura gaúcha.
As regiões das Hortênsias e dos Campos de Cima da Serra concentram a maior produção estadual, com previsão de mais de 600 toneladas colhidas. O Planalto, especialmente a região de Passo Fundo, deve registrar 110 toneladas, enquanto Centro Serra e Serra do Botucaraí somam aproximadamente 150 toneladas. O auge da colheita ocorre em junho, período marcado por maior oferta e queda nos preços ao consumidor, atualmente entre R$ 12,00 e R$ 14,00 por quilo. Aliás, valor inferior ao praticado em abril, quando o preço chegava a R$ 17,00/kg.
Produção alivia agricultores e fortalece tradição
Após um ciclo anterior considerado fraco, a safra atual representa alívio para os agricultores extrativistas, que têm no pinhão uma importante fonte de renda e subsistência familiar. “Neste ano, está melhor, embora ainda não atinja o patamar de uma safra cheia. Ainda assim, foi um alívio para os agricultores extrativistas”, avalia Antônio Carlos Borba, extensionista da Emater/RS-Ascar.
Apesar da relevância econômica e cultural, o pinhão ainda enfrenta desafios quanto ao beneficiamento e industrialização, com poucas iniciativas voltadas para agregar valor ao produto, seja no artesanato, culinária ou armazenamento.
Colheita sustentável e legislação ambiental
A colheita do pinhão é realizada manualmente, respeitando a legislação estadual que determina o início da coleta, transporte, comercialização e armazenamento apenas a partir de 1º de abril. A Lei Estadual nº 15.015/2022, o Decreto Estadual 52.109/2014 e a Portaria MMA nº 148/2022 visam equilibrar geração de renda e preservação da Araucária Angustifolia, espécie ameaçada de extinção. O corte e poda de árvores nativas produtoras de pinhas estão proibidos durante a safra, sob pena de multa.
A Emater/RS-Ascar reforça a importância da conservação da espécie, que leva de 12 a 15 anos para produzir pinhão e integra a floresta ombrófila mista. “Com o avanço das atividades humanas, ocorre a fragmentação das florestas. O que reduz a base genética da espécie e a torna mais vulnerável à extinção”, alerta Borba.
Pinhão: alimento nutritivo e aliado da fauna
Além do papel econômico, o pinhão é alimento essencial para a fauna regional e destaque na culinária do Sul do Brasil. Rico em minerais como potássio e fósforo, além de fibras e gorduras saturadas benéficas, o consumo do pinhão é recomendado especialmente no período da safra. Isso porque sua concentração de nutrientes é maior. “É um alimento mais calórico, principalmente para atletas, pois dá um suporte energético. Mas quem já tem uma dieta com restrição calórica tem que tomar cuidado e ingerir com moderação”. É o que orienta a nutricionista e extensionista Leila Ghizzoni, da Emater/RS-Ascar.
Preservação e manejo sustentável
O crescimento da safra de pinhão reforça a necessidade de conservação das áreas nativas e manejo sustentável da araucária. A Emater/RS-Ascar recomenda a não realização de cortes e o estímulo à regeneração natural da espécie, que se desenvolve principalmente nas bordas de matas e florestas. A valorização do pinhão, seja na alimentação, turismo ou paisagem, evidencia sua importância para a biodiversidade e a cultura regional.
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