O Rio Grande do Sul está prestes a fechar a maior safra de uvas da última década, com previsão de colheita de 750 mil toneladas em 2025 – um aumento de 38,5% em relação a 2024. Os dados, divulgados pelo Consevitis-RS (Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura), revelam um cenário promissor para vinhos, espumantes e sucos gaúchos, com destaque para a Serra Gaúcha, responsável por 70% da produção estadual.
Safra “das safras” impulsiona mercado nacional e internacional
A combinação de clima seco, tecnologia avançada e recuperação pós-chuvas de 2024 resultou em uvas com aromas intensos, maturação uniforme e alto teor de açúcar. “Esta será a safra das safras de uvas. Temos qualidade para competir globalmente”, afirma Luciano Rebelatto, presidente do Consevitis-RS. A expectativa é que o setor vitivinícola gaúcho amplie suas exportações, principalmente para EUA, China e Europa, com apoio de campanhas da Agavi (Associação Gaúcha de Vinicultores).
Darci Dani, diretor da Agavi, reforça: “Queremos mostrar ao mundo que os vinhos brasileiros são uma escolha premium. A safra 2025 é nosso cartão de visitas”.
Clima favorável evita tragédias e garante qualidade
Após as chuvas devastadoras de maio de 2024, o Estado registrou um inverno rigoroso e primavera estável, essenciais para a brotação das videiras. “Tivemos um ciclo quase perfeito: geadas controladas, dias ensolarados e noites frias, que intensificaram a cor e o aroma das uvas”, explica Carlos Azambuja, enólogo de Pinto Bandeira.
Dados da Embrapa Uva e Vinho comprovam:
- Apenas 6 dias com temperaturas abaixo de 10°C durante a primavera;
- 657 mm de chuva entre agosto e fevereiro (20% abaixo da média histórica);
- Redução de doenças nas videiras graças à baixa umidade.
“A seca relativa permitiu maturação técnica impecável, especialmente para as variedades Bordô e Niágara, usadas em vinhos de mesa e sucos”, destaca Henrique Pessoa dos Santos, pesquisador da Embrapa.
Enólogos projetam vinhos “potentes” e espumantes equilibrados
A safra 2025 já é considerada a melhor em 10 anos por especialistas. Mário Lucas Ieggli, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), antevê:
- Vinhos tintos: estrutura robusta e teor alcoólico elevado;
- Espumantes: equilíbrio entre acidez e açúcar;
Brancos e rosés: intensidade aromática graças às noites amenas.
Na região dos Campos de Cima da Serra, os enólogos André Donatti e Delto Garibaldi reforçam o otimismo: “Os tintos estão em fase de desenvolvimento, mas os brancos já têm personalidade única. É uma safra para marcar época”, afirma Garibaldi.
Apesar do cenário positivo, o setor alerta para a necessidade de investimentos em logística e políticas de exportação. “Precisamos vencer barreiras tributárias e melhorar a distribuição para consolidar o Brasil como player global”, conclui Rebelatto.
Enquanto os primeiros rótulos da safra 2025 chegam ao mercado em setembro, produtores já planejam ações para atrair enoturistas à Serra Gaúcha, com roteiros de degustação e colheita participativa.
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