O Instituto de Pesca (IP-Apta), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, tem se dedicado desde 2000 a pesquisas sobre a carne mecanicamente separada de peixe (CMS), visando promover esse alimento nutritivo na dieta da população, especialmente nas escolas. A produção da CMS utiliza subprodutos da filetagem do pescado, oferecendo uma alternativa saudável e sustentável para aproveitar esses resíduos.
A indústria pesqueira gera uma quantidade significativa de subprodutos durante o processo de filetagem, que pode chegar a representar entre 30% a 40% do peso total do peixe. Tradicionalmente, muitos desses subprodutos são utilizados na fabricação de ração animal. No entanto, o Instituto de Pesca tem explorado maneiras inovadoras de transformar aparas e carcaças em CMS. Desta forma, contribuindo para a redução do desperdício e promovendo a sustentabilidade.
O que é a carne mecanicamente separada?
A CMS é obtida por meio de um processo que utiliza uma única espécie ou uma mistura de espécies de peixes com características sensoriais semelhantes. O resultado é um produto livre de vísceras, escamas, ossos e pele, que mantém um alto valor nutricional. A CMS é rica em proteínas de alto valor biológico, ácidos graxos ômega 3 e ômega 6, além de minerais e vitaminas essenciais.
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A carne mecanicamente separada possui uma aparência semelhante à carne moída, o que a torna extremamente versátil em diversas preparações culinárias. Ela pode ser utilizada em receitas como hambúrgueres, almôndegas, nuggets e molhos.
De acordo com Cristiane Neiva, diretora-geral do Instituto de Pesca, estudos realizados em parceria com prefeituras demonstraram que 85% dos estudantes de escolas públicas aprovaram pratos preparados com CMS. Como exemplo, temos macarrão ao molho à bolonhesa e escondidinho de peixe.
Pesquisas e inovações
Além das pesquisas sobre aceitação do produto, o Instituto também investiga a qualidade da CMS proveniente de diferentes espécies sob congelamento e o desenvolvimento de produtos desidratados à base de carne mecanicamente separada. Essas iniciativas visam garantir que a CMS se torne uma opção viável para promover segurança alimentar no Brasil.
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O Núcleo de Pesquisa Pescado para Saúde está focado na padronização da identidade e qualidade da CMS, além do desenvolvimento contínuo de novos produtos. O objetivo é assegurar que esse alimento nutritivo alcance todas as faixas populacionais, contribuindo para uma dieta equilibrada e saudável.
Recursos educativos
Para apoiar a disseminação do conhecimento sobre a carne mecanicamente separada, o Instituto lançou um e-book gratuito com receitas gourmet, escolares e caseiras que utilizam esse recurso inovador. O material também contém informações detalhadas sobre as propriedades nutricionais da CMS.
A carne mecanicamente separada representa não apenas uma solução eficaz para o aproveitamento dos subprodutos da indústria pesqueira. Mas também uma oportunidade significativa para enriquecer a alimentação da população brasileira. Com o apoio contínuo do Instituto de Pesca e suas pesquisas, espera-se que tanto a CMS como a própria carne de peixe in natura se torne cada vez mais presente nas mesas dos brasileiros, promovendo saúde e sustentabilidade.