O estado de São Paulo manteve a liderança nas exportações do agronegócio brasileiro no primeiro trimestre de 2025, encerrando o período com superávit de US$ 4,9 bilhões na balança comercial do setor. Os dados, divulgados pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, apontam que o valor representa uma queda de 19,9% em comparação com o mesmo período de 2024. Ainda assim, o resultado reafirma a força do agronegócio paulista no cenário nacional.
Entre janeiro e março, as exportações do setor somaram US$ 6,4 bilhões, valor 14,6% inferior ao registrado no ano anterior. As importações, por sua vez, alcançaram US$ 1,5 bilhão, com crescimento de 9,5% na comparação interanual. O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Guilherme Piai, destacou que o resultado demonstra a solidez de uma base produtiva diversificada, com capacidade para manter bons indicadores mesmo diante de instabilidades de mercado.
A análise técnica foi elaborada pelo coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), Carlos Nabil Ghobril, em parceria com os pesquisadores José Alberto Ângelo e Marli Dias Mascarenhas Oliveira, do Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta). Segundo o estudo, as exportações do agro paulista representaram 41,7% do total exportado pelo estado no primeiro trimestre, enquanto as importações do setor corresponderam a 6,8% do total estadual.
Principais produtos exportados pelo agronegócio paulista
Cinco grupos de produtos concentraram 73% das exportações do agronegócio paulista no período:
- Complexo sucroalcooleiro: com 25,8% de participação e receita de US$ 1,65 bilhão, sendo o açúcar responsável por 88,7% e o etanol por 11,3%.
- Carnes: representando 13,9% das exportações, totalizou US$ 887,9 milhões, com a carne bovina respondendo por 82,5% desse valor.
- Sucos: com 13,5% de participação e receita de US$ 863,07 milhões, dos quais 98,2% se referem ao suco de laranja.
- Produtos florestais: alcançaram US$ 758,98 milhões, com destaque para celulose (55,1%) e papel (35,5%).
- Complexo soja: somou US$ 507,27 milhões, sendo 81,7% referente à soja em grãos.
O café aparece logo em seguida, com US$ 465,75 milhões exportados, representando 7,3% da pauta paulista. Do total, 73,4% correspondem ao café verde e 23,1% ao café solúvel.
Apesar da queda no complexo sucroalcooleiro (-50,5%) e no complexo soja (-17,9%), alguns segmentos apresentaram crescimento expressivo: café (+67,2%), sucos (+37,5%), carnes (+25%) e produtos florestais (+6%).
Destinos mais relevantes para os produtos paulistas
A China segue como principal destino das exportações do agronegócio paulista, com 19,3% de participação, concentrando as compras nos segmentos de soja (29%), carnes (28%) e produtos florestais (23%). Em seguida, aparecem:
- União Europeia: com 16,4%, sendo os principais produtos sucos (37%), café (17%) e produtos florestais e vegetais (11% cada).
- Estados Unidos: com 15,9% de participação, adquirindo sucos (40%), carnes (15%), produtos de origem animal (9,5%), florestais (8,8%) e café (8,6%).
- Na comparação com o primeiro trimestre de 2024, São Paulo registrou queda de 12,6% nas exportações para a China. Em contrapartida, as vendas para a União Europeia cresceram 34,4%, e para os Estados Unidos, 27,7%.
Participação de São Paulo no cenário nacional
No panorama nacional, São Paulo respondeu por 16,9% das exportações do agronegócio brasileiro, mantendo a liderança entre os estados exportadores. Mato Grosso aparece em segundo lugar com 15,7%, seguido por Minas Gerais, com 11,9% — este último com destaque no comércio internacional de café.
O Brasil encerrou o primeiro trimestre de 2025 com US$ 37,83 bilhões em exportações do agronegócio, resultado 2,1% superior ao do mesmo período de 2024. As importações do setor somaram US$ 5,18 bilhões, um aumento de 11,9%.
O saldo comercial positivo do agro brasileiro atingiu US$ 32,65 bilhões, representando um crescimento de 0,7% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior. O desempenho robusto do setor continua sendo fundamental para equilibrar o déficit comercial gerado pelos demais segmentos da economia nacional.
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