A produção de polpas de frutas do Cerrado tem impulsionado a economia da Comunidade de Gerais Velho, em Ubaí, no Norte de Minas Gerais. Após conquistar o registro no Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura em 2023, a Unidade de Processamento de Polpa de Frutas do Cerrado, vinculada à Associação Quilombola de Gerais, ampliou sua atuação e agora atende mercados institucionais, como escolas estaduais e municipais.
A iniciativa, criada há 15 anos, ganhou novo fôlego com a regularização sanitária, permitindo a comercialização formal das polpas em programas governamentais. Atualmente, 65 agricultores familiares participam do projeto, que nasceu como alternativa para aproveitar as frutas típicas dos quintais da região e aumentar a renda local.
Segundo Arlene Mendes Pereira, extensionista da Emater-MG, a associação precisou adaptar a estrutura física, atualizar o Estatuto Social e adotar o Manual de Boas Práticas de Fabricação para obter o selo do SIF. Com o apoio técnico da Emater-MG, o grupo padronizou embalagens e rótulos para polpas de acerola, manga, cajá, tamarindo, jenipapo, goiaba, maracujá e umbu, frutas do Cerrado com forte aceitação nas escolas da região.
Em 2024, a unidade comercializou cerca de 1.700 quilos de polpas para escolas estaduais e 500 quilos para escolas municipais de Ubaí, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O secretário municipal de Agricultura, Hélio Ferreira Veloso, destaca que os produtos são livres de aditivos químicos e açúcares. Além de garantirem renda aos produtores locais.
Para 2025, a associação já realiza entregas regulares às escolas estaduais de Ubaí e aguarda novas chamadas públicas municipais. Também iniciou a distribuição para escolas de Brasília de Minas. E já foi classificada em oitavo lugar no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) estadual.
Capacitação
A capacitação dos trabalhadores é feita anualmente. E conta com apoio da Emater, Prefeitura e Secretaria Municipal de Agricultura. O presidente da Associação Quilombola de Gerais, Xisto Martins Pereira, afirma que o projeto busca expandir. Mas enfrenta desafios como o alto custo da energia e a necessidade de uma câmara fria para armazenamento. “Temos esperança que as coisas fluam e estamos nos dedicando para conseguir essas melhorias”, destaca.
A experiência de Ubaí mostra como a valorização das frutas do Cerrado e o acesso a mercados institucionais podem fortalecer a agricultura familiar e promover o desenvolvimento sustentável no Norte de Minas.
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