A sanidade na criação de peixes se tornou uma preocupação central para a cadeia produtiva da piscicultura, especialmente devido ao impacto do Vírus da Necrose Infecciosa de Baço e Rim (ISKNV). O Instituto de Pesca (IP-Apta), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, está conduzindo um estudo aprofundado sobre essa doença viral. Ela, embora não seja uma zoonose, causa sérios prejuízos econômicos às atividades piscícolas.
A infecção pelo ISKNV resulta na morte de tecidos no baço e no aumento anormal de células chamadas megalócitos. Elas se concentram principalmente no rim e baço dos peixes. Os sintomas mais comuns incluem falta de apetite, diminuição da atividade, respiração acelerada, mudanças na coloração corporal, olhos saltados e inchaço abdominal.
A observação dos sintomas clínicos permite fazer o diagnóstico inicial. Para confirmar, é preciso realizar exames mais detalhados, como análises histopatológicas ou PCR (reação em cadeia da polimerase). O isolamento do vírus em células cultivadas em laboratório é uma alternativa ética ao uso de animais em testes.
Objetivos do estudo
O projeto intitulado “Detecção e caracterização de cepas circulantes de ISKNV” visa identificar as diferentes cepas do vírus que estão presentes no Estado de São Paulo. A pesquisa também busca compreender a capacidade do vírus ao isolá-lo em cultivo celular e mapear seu material genético.
A investigação incluiu a infecção experimental de filhotes de tilápia (alevinos) para observar o desenvolvimento da doença. Foram coletados alevinos em quatro regiões do estado, priorizando aqueles com sintomas visíveis, mas também incluindo amostras assintomáticas. As amostras passaram por testes de PCR para identificar a infecção, com confirmações por sequenciamento genético.
Colaboração internacional e notificações oficiais
A equipe enviou algumas amostras para a Washington State University, nos Estados Unidos, para realizar o sequenciamento total do genoma. Os pesquisadores também informaram oficialmente a Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo sobre a persistência do vírus nas pisciculturas durante 2023 e 2024.
Cláudia Maris Ferreira Mostério, pesquisadora científica do IP e responsável pelo projeto, destacou que “as conclusões preliminares indicam uma relação estreita entre o vírus e a temperatura. Que não está mais ligada às estações do ano como antes se pensava”. Ela explicou que o mesmo tipo de vírus circula no estado desde 2020. Ee que essa constância pode facilitar o desenvolvimento de vacinas ou linhagens resistentes.
Portanto, com o aumento da produção piscícola no Brasil, o ISKNV representa um desafio significativo. A pesquisa busca não apenas entender melhor o vírus. Mas também desenvolver estratégias para mitigar seus impactos na saúde dos peixes e na rentabilidade das operações piscícolas.
A investigação contínua sobre o ISKNV é crucial para garantir a sanidade das criações. E além disso, promover práticas sustentáveis na piscicultura brasileira.
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