A volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos hoje deve intensificar a competição entre Brasil e EUA no agronegócio. Ou seja, especialistas apontam que as políticas comerciais protecionistas de Trump podem beneficiar exportações brasileiras para mercados como a China, mas também dificultar negociações para ampliações de mercado.
Trump anunciou que pretende implementar medidas protecionistas, o que pode gerar impactos no comércio global. Representantes do setor privado e do governo brasileiro avaliam que essas políticas podem criar oportunidades para o Brasil em mercados alternativos, mas complicar o comércio direto com os Estados Unidos.
Impacto da guerra comercial com a China
Uma possível retomada da guerra comercial entre EUA e China é uma das principais preocupações. Ou seja, Trump planeja impor tarifas mais altas a produtos importados, o que pode reacender tensões entre as duas maiores economias do mundo. Nesse cenário, o Brasil pode se beneficiar do redirecionamento da demanda chinesa por produtos como soja e milho, ainda que em menor intensidade do que durante o primeiro mandato de Trump.
Na primeira fase do conflito comercial sino-americano, o Brasil ampliou significativamente suas exportações de soja para a China. Apesar disso, analistas alertam que o impacto dessa vez pode ser mais limitado.
Comércio Brasil-EUA em números
Os Estados Unidos foram o segundo maior destino das exportações agropecuárias brasileiras em 2024, somando US$ 12,092 bilhões e representando 7,4% do total exportado pelo setor. Os principais produtos embarcados incluíram café verde, celulose, carne bovina in natura, suco de laranja e couro. Por outro lado, o Brasil importou US$ 1,028 bilhão em produtos agropecuários dos Estados Unidos no mesmo período.
Estratégia brasileira para manter relações comerciais
Segundo Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, o Brasil pretende manter relações comerciais estáveis com os Estados Unidos. Além disso, ele destacou a importância da cooperação bilateral, especialmente em áreas de inovação agropecuária.
“Os Estados Unidos são um parceiro estratégico para o Brasil, tanto em investimentos quanto em colaborações tecnológicas. Nossa ideia é exportar produtos complementares e fortalecer os laços comerciais”, afirmou Rua.
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Novas oportunidades para exportações brasileiras
O Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (Mapa) celebrou a decisão dos Estados Unidos de autorizar a importação de produtos como feno (alfafa e Timothy hay), erva-mate e flor seca de cravo-da-índia sem necessidade de certificação fitossanitária. Segundo o Mapa, essa medida reforça a credibilidade internacional do sistema de controle sanitário brasileiro.
A abertura desse mercado pode impulsionar exportações e gerar novas oportunidades para o agronegócio brasileiro. Em 2025, o Brasil já alcançou sete novas aberturas de mercado, totalizando 307 oportunidades em 63 países desde 2023.
Desafios da gestão Trump
A expectativa é que a gestão de Trump traga desafios e oportunidades ao agronegócio brasileiro. O setor precisa se preparar para um cenário de maior competição e buscar novas estratégias para fortalecer sua presença internacional.