A Zona da Mata mineira está se revelando uma nova fronteira agrícola para o cultivo de arroz de sequeiro, com produtividades que desafiam expectativas. Dados divulgados em abril de 2024 pela Emater-MG e Epamig comprovaram que unidades demonstrativas implantadas em Olaria, Lima Duarte e Santana do Garambéu alcançaram mais de 5 toneladas por hectare em todas as variedades testadas, com picos de até 10 toneladas na cultivar CMG 1590. Os resultados apontam um cenário promissor para agricultores familiares e a economia regional.
Resultados que superam expectativas
As unidades, instaladas em novembro de 2023 em parceria com Ufla e prefeituras, testaram sete variedades de arroz em áreas de 500 m² cada. A metodologia rigorosa incluiu medição de área, pesagem de grãos e ajustes por umidade e impurezas. Enquanto a expectativa inicial era de 3 toneladas/hectare, o desempenho foi surpreendente:
- CMG 1590: 10 toneladas/hectare (melhor resultado);
- Arroz aromático: 8,15 toneladas/hectare;
- Variedade crioula tradicional: apenas 1,2 tonelada/hectare.
“O arroz aromático, por exemplo, tem alto valor de mercado, o que pode agregar renda aos produtores”, destacou Marco Aurélio Moreira, coordenador regional de Culturas da Emater-MG.
Em Santana do Garambéu, município de altitude elevada, variações térmicas afetaram a qualidade dos grãos em algumas cultivares. Ainda assim, a CMG 1590 manteve resistência e produtividade. Já em Lima Duarte, ataques de capivaras e pássaros trouxeram desafios, mas não houve infestações graves de pragas ou doenças.
“Os danos foram pontuais e não comprometeram os resultados gerais”, explicou Janine Guedes, pesquisadora da Epamig, reforçando a robustez das cultivares modernas.
Parcerias que fortalecem a agricultura familiar
A colaboração entre Emater-MG, Epamig, Ufla e prefeituras foi essencial para o sucesso. Enquanto a Epamig liderou a pesquisa e a Emater-MG a extensão rural, as prefeituras forneceram apoio logístico, e a Ufla contribuiu com recursos humanos.
“Pesquisa e extensão juntas são capazes de transformar a realidade do pequeno produtor”, afirmou Janine Guedes. Em Olaria, por exemplo, cerca de 40 agricultores visitaram a propriedade de Vicentina Oliveira, uma das participantes. “No começo, duvidei, mas o resultado foi incrível. Agora quero ampliar a produção para vender ao Pnae e em feiras”, comemorou Vicentina.
Um novo horizonte para a região
Os números abrem caminho para a diversificação da produção na Zona da Mata, tradicionalmente focada em culturas como café e leite. Com variedades de alto rendimento e valor comercial, como o aromático, o arroz de sequeiro pode se tornar uma alternativa viável para geração de renda e segurança alimentar.
A próxima etapa inclui a disseminação de técnicas de manejo e a expansão das cultivares para outras áreas. Enquanto isso, os agricultores da região já enxergam no arroz uma semente de esperança para colheitas mais fartas.
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