O cultivo do abacaxi no Brasil passa a contar com um instrumento estratégico para o planejamento agrícola: o primeiro Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) da cultura com abrangência nacional. Publicada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em fevereiro de 2025, a ferramenta foi desenvolvida pela Embrapa. E orienta agricultores de todos os municípios do país sobre as condições mais favoráveis ao plantio do fruto, com base em critérios científicos e dados históricos.
A nova versão do Zarc do abacaxi atualiza a edição de 2012. E inclui três principais inovações: a classificação de risco climático em três níveis (20%, 30% e 40%) de acordo com quatro fases do desenvolvimento da cultura – implantação, crescimento vegetativo, indução floral e frutificação –; a ampliação da classificação dos solos em seis categorias conforme a capacidade de armazenamento de água; e a consideração das exigências das principais variedades plantadas no país, como ‘Pérola’, ‘Turiaçu’, ‘Smooth Cayenne’ e ‘BRS Imperial’.
“Dividimos os riscos em quatro fases fenológicas. E classificamos os solos de acordo com sua capacidade de retenção de água. Isso para indicar com mais precisão as regiões e períodos mais adequados ao cultivo”. É o que explica o engenheiro-agrônomo Mauricio Coelho, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) e coordenador técnico do projeto.
A nova metodologia também leva em conta o risco de geadas, comuns em regiões de maior altitude, e os problemas associados ao encharcamento do solo, um dos principais fatores de risco para o abacaxi. “Solos com baixa capacidade de drenagem aumentam o risco de perdas, por isso, o zoneamento agora detalha melhor essas condições”, destaca Coelho.
Atualização de dados meteorológicos e participação de produtores
A base de dados do novo Zarc foi atualizada até o ano de 2022. E utiliza informações provenientes de diversas fontes oficiais,. Entre eles, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo Eduardo Monteiro, pesquisador da Embrapa Agricultura Digital (SP), essa atualização proporciona maior precisão nas recomendações.

A ferramenta também passou por um processo de validação junto a produtores e técnicos em regiões como Norte, Nordeste e Centro-Sul. “Foi essencial ouvir os representantes dos polos produtivos antes da publicação para garantir que o zoneamento refletisse fielmente a realidade de campo”, afirma Coelho.
Importância para o planejamento agrícola e acesso ao seguro rural
Para Hugo Borges Rodrigues, coordenador-geral de risco agropecuário do Mapa, a atualização do Zarc representa um passo importante na modernização da gestão de riscos no campo. Além de orientar o plantio, o Zarc é critério para acesso a programas como o Proagro e o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), o que fortalece a resiliência dos produtores diante das adversidades climáticas.
A ferramenta estará disponível gratuitamente no Painel de Indicação de Riscos Climáticos, no site do Mapa. E também no aplicativo Zarc Plantio Certo, compatível com dispositivos Android e iOS.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil é um dos maiores produtores mundiais de abacaxi. Com destaque para estados como Paraíba, Tocantins e Amazonas. A nova ferramenta contribuirá diretamente para a sustentabilidade e a competitividade dessa importante cadeia produtiva.
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