O mercado de açúcar registrou uma entrega recorde de 1,7 milhão de toneladas em março, superando as expectativas e impulsionando a volatilidade nos preços. Apesar do relatório da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia) vir em linha com as projeções, fatores externos e a antecipação do vencimento do contrato de março influenciaram o cenário.
O Centro-Sul moeu apenas 245 mil toneladas de cana, produzindo 7 mil toneladas de açúcar e 381 milhões de litros de etanol. São volumes menores que em 2023/24, típicos da entressafra. Segundo Luciano Rodrigues, diretor da UNICA, a maior produção de etanol, tanto de cana quanto de milho, reduz os riscos de oferta no mercado interno. Portanto, reforçando a projeção de uma safra açucareira robusta em 2025/26. E indicando uma possível tendência de queda nos preços do açúcar no médio prazo.
De acordo com Lívea Coda, coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets, a volatilidade da semana passada foi causada pela antecipação do vencimento do contrato de março e por um cenário externo adverso, com queda no complexo energético e um dólar mais forte.
O contrato de maio deve ser monitorado de perto. A oferta no Brasil ficou mais restrita e deve continuar a diminuir com o fim da entressafra. A produção de açúcar na Índia e na Tailândia está abaixo das expectativas, o que ajuda a sustentar os preços no curto prazo.
Índia e Tailândia
A produção de açúcar na Índia está 14% abaixo da temporada passada (total de 21,9Mt até 28 de fevereiro). Isso que pode resultar em um déficit global maior para 2024/25. Na Tailândia, a expectativa de produção foi revisada para 10,5Mt devido a condições climáticas adversas, limitando suas exportações.
O início da safra do Centro-Sul brasileiro pode ser lento ou sofrer atrasos, oferecendo suporte ao contrato de maio. No entanto, se a demanda estiver confortável em esperar a próxima safra brasileira, essa recuperação nos preços pode ser mais lenta. Por exemplo, a Indonésia ainda não decidiu quando importará os 200kt aprovados, enquanto dados da China mostram que as importações, até dezembro do ano passado, caíram 36% para o açúcar e 24% se incluídas estimativas de xarope e contrabando.
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