A edição genética de fungos está revolucionando o controle biológico de pragas agrícolas. Pesquisadores brasileiros e americanos utilizam a tecnologia CRISPR-Cas9 para modificar o fungo Beauveria bassiana, tornando-o mais eficaz no combate a insetos. Essa abordagem promove a produção de oosporina, uma substância que compromete o sistema imunológico dos insetos, aumentando a eficácia dos bioinseticidas.
A CRISPR-Cas9 é uma ferramenta de edição genética precisa, que funciona como uma “tesoura molecular”, permitindo a modificação ou correção de genes específicos. Isso otimiza a produção de metabólitos e biopesticidas, criando microrganismos mais resistentes e funcionais para aplicações sustentáveis. “O sistema CRISPR revolucionou a biotecnologia microbiana ao permitir a edição genética precisa e eficiente de microrganismos de interesse industrial, agrícola e médico”, destaca um dos pesquisadores envolvidos no estudo.
Os blastosporos, uma forma específica de células fúngicas, mostraram-se mais eficazes e fáceis de multiplicar do que os conídios tradicionalmente usados. Eles são 3,3 vezes mais letais e 22% mais rápidos em matar insetos, além de serem produzidos em apenas dois a três dias, tornando sua aplicação prática e sustentável. “Os resultados surpreenderam. Os blastosporos foram significativamente mais eficazes do que os conídios, alcançando 97% de mortalidade nas larvas da traça-da-cera em apenas cinco dias”, enfatiza Gabriel Mascarin, da Embrapa Meio Ambiente.
Impacto ambiental
A utilização de fungos modificados pode reduzir a dependência de pesticidas químicos, promovendo uma agricultura mais sustentável. Além disso, a oosporina produzida pelos fungos tem propriedades antifúngicas e antibacterianas, podendo ser usada como biofungicida contra patógenos de plantas. “Essa abordagem contribui para o controle de pragas de forma mais segura e ambientalmente amigável. O que é crucial para a segurança alimentar e a sustentabilidade do agronegócio”, destaca Mascarin.
Apesar dos avanços, os cientistas enfrentam desafios como a menor resistência dos genes mutantes a estressores químicos. No entanto, acredita-se que seja possível selecionar linhagens sem esses efeitos colaterais, mantendo os benefícios da tecnologia. “A técnica permite gerar vários mutantes, o que nos permite selecionar as linhagens mais promissoras e superar os desafios atuais”, explica um dos pesquisadores.
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