A Páscoa de 2025 promete ser mais amarga para os amantes de chocolate. Com o preço do cacau atingindo alta histórica de 190% em dois anos, o setor enfrenta o terceiro déficit consecutivo na produção global, pressionando o preço de ovos e chocolates. Dados da Organização Internacional do Cacau (ICCO) revelam que, desde 2021, o mundo deixou de produzir 758 mil toneladas da amêndoa – e o Brasil, que importa 80% do que consome, sente o impacto no bolso do consumidor.
Por que o cacau está tão caro?
O problema começa na África, responsável por 70% da produção mundial. Países como Costa do Marfim (45% do mercado) sofrem com secas e pragas, reduzindo a safra. Em dezembro de 2023, a tonelada do cacau atingiu US$ 11.040 na bolsa de Nova York, um salto de 163% em um ano. Como o preço é definido globalmente (commodity), o Brasil – que produz apenas 4% do total mundial – não escapa da crise.
Páscoa com menos ovos e chocolates menores
A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates (Abicab) projeta a produção de 45 milhões de ovos em 2025, queda de 22,4% ante 2024. Para evitar repasses maiores aos preços, as fábricas reduziram o tamanho das embalagens e apostaram em mixes de produtos. “O brasileiro ainda prefere chocolate ao leite, mas lançamos opções com frutas, amendoim e diferentes concentrações de cacau”, informou a Abicab em nota.
Brasil: demanda alta, produção em queda
Em 2023, o país demandou 229 mil toneladas de cacau, mas colheu apenas 179,4 mil – déficit de 18,5%. A moagem (processamento do fruto) também recuou, de 253 mil toneladas em 2022 para 230 mil no ano passado. Anna Paula Losi, presidente da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), explica: “A queda na moagem reflete o preço elevado do chocolate, que desestimula o consumo”.
Segundo o IPCA/IBGE, chocolates em barra e bombons acumulam alta de 16,53% em 12 meses até janeiro. Para especialistas, a solução a longo prazo está no aumento da produção nacional, mas um cacaueiro leva 6 anos para dar frutos em escala comercial.
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