O Brasil consolidou sua posição como líder mundial nas exportações de commodities do agronegócio, superando os Estados Unidos em 2024. Segundo um estudo da Insper Agro Global, o país alcançou US$ 137,7 bilhões em exportações, US$ 14,4 bilhões a mais do que os norte-americanos no setor. Esse marco reflete o crescimento das safras recordes de grãos e a intensificação das relações comerciais com a China, impulsionada pela guerra comercial entre EUA e o gigante asiático.
O especialista em comércio exterior e diretor da Tek Trade, Sandro Marin, atribui o avanço brasileiro às condições favoráveis no mercado global. “O Brasil é referência global em exportações do agronegócio e vem aumentando ano a ano a produtividade por hectare, o que permite a expansão desse mercado internacional. Hoje, o país já é o maior exportador global de soja, por exemplo, e está em posição vantajosa no comércio com a China, sendo o seu principal fornecedor de produtos agropecuários”, explica Marin. Ele também destaca que novos mercados no Oriente Médio e Sudeste Asiático representam oportunidades para ampliar ainda mais a presença global do agro brasileiro.
Novos mercados
De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o Brasil exportou US$ 11 bilhões em produtos agropecuários apenas em janeiro de 2025, registrando o segundo maior valor da série histórica para o período. Além disso, foram abertos 24 novos mercados para produtos brasileiros, com destaque para Paquistão, Bangladesh e Turquia. Produtos como café, celulose, carnes, suco de laranja e cacau tiveram alta nas cotações, enquanto setores como carnes, complexo soja e produtos florestais superaram US$ 1 bilhão em exportações no primeiro mês do ano.
Apesar das conquistas, Marin alerta para os desafios que podem impactar as exportações brasileiras. “O agronegócio brasileiro tem uma posição consolidada no cenário global, mas manter essa liderança exige visão estratégica e investimentos contínuos. A competitividade do setor depende não apenas de safras robustas e do crescimento da demanda internacional, mas também da nossa capacidade de diversificar mercados, reforçar a infraestrutura logística e agregar valor aos produtos”, afirma Marin. Ele ressalta que as exportações brasileiras ainda ficam atrás das norte-americanas em produtos com maior valor agregado.
“O Brasil tem potencial para expandir ainda mais sua presença internacional, desde que adote um planejamento de longo prazo alinhado às tendências globais e às exigências dos novos consumidores”, conclui Marin.
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