O balneário Praia da Figueira, em Bonito, Mato Grosso do Sul, continua interditado após uma série de ataques de peixes a banhistas. A medida foi tomada pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) para garantir a segurança dos visitantes. As atividades terrestres no local permanecem liberadas, enquanto equipes técnicas realizam pesquisas para identificar a espécie responsável pelos ataques.
Este ano, ao menos 30 pessoas procuraram atendimento médico após serem mordidas por peixes no balneário. Em um dos casos, uma banhista perdeu parte do dedo. A espécie suspeita de realizar os ataques é o tambaqui, um peixe amazônico conhecido por seus dentes fortes. O tambaqui pode atingir até um metro de comprimento e é parente próximo do pacu.
Medidas de segurança
O Imasul suspendeu as atividades na lagoa artificial, permitindo apenas atividades que não envolvam contato com a água. Técnicos da área de fauna foram enviados ao local para verificar a presença e identificar a espécie responsável pelos ataques. A interdição visa evitar novos incidentes e garantir a segurança dos turistas.
Bonito é conhecida como a “capital nacional do ecoturismo”, atraindo milhares de visitantes por suas belezas naturais. A interdição do balneário pode afetar o fluxo de turistas na região, mas a prioridade é a segurança dos visitantes. O Imasul trabalha para resolver a situação o mais rápido possível, sem comprometer a experiência dos turistas.
Características biológicas do tambaqui
- Origem e habitat natural: espécie típica de áreas de planície da Amazônia, como rios de águas calmas e florestas inundadas. não ocorre naturalmente na bacia do Alto Paraguai, onde está localizado Bonito.
- Dieta e dentição: alimenta-se de frutos duros, sementes e castanhas, desenvolvendo dentes robustos semelhantes a molares humanos, capazes de exercer grande força de mordida (até 40 kg de pressão).
- Porte: pode ultrapassar 1 metro de comprimento e pesar mais de 40 kg, sendo o segundo peixe mais criado em cativeiro no Brasil, após a tilápia, devido à adaptabilidade
Por que o tambaqui pode estar atacando banhistas em Bonito?
- Introdução ilegal em habitat não nativo: o tambaqui foi inserido artificialmente na lagoa da Praia da Figueira para atrair turistas, mas sua presença ali é considerada um crime ambiental, já que pertence a outra bacia hidrográfica.
- Confusão alimentar: ao serem alimentados por turistas, os peixes associam movimentos na água (como mãos ou dedos) a alimentos, mordendo acidentalmente. A dieta natural de frutos duros explica a força das mordidas, que podem causar ferimentos graves, incluindo perda de tecido (como um caso de amputação parcial de um dedo).
- Concentração em ambiente artificial: a lagoa rasa e a proximidade com quiosques subaquáticos aumentaram a interação entre humanos e peixes, elevando o risco de acidentes.
Impactos dos ataques e medidas tomadas
- Interdição do balneário: o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) interditou a lagoa artificial após 30 casos de mordidas em 2025 e 64 em 2024. Áreas terrestres foram liberadas, mas o contato com a água permanece proibido.
- Ações corretivas: instalação de barreiras físicas, fitas de isolamento, orientação aos turistas e um plano para remover os peixes da lagoa.
- Críticas ambientais: biólogos destacam que a introdução de espécies exóticas desequilibra ecossistemas e viola leis ambientais. A remoção dos tambaquis é vista como a solução mais eficaz.
As mordidas do tambaqui não transmitem doenças, mas causam cortes profundos que exigem atendimento médico. Em casos extremos, ferimentos requerem suturas (como oito pontos em um dedo) ou até cirurgias.
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