Pesquisadores da Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia da Terra e do Mar desenvolveram um material sustentável à base de celulose – componente principal do papel – que pode substituir plásticos descartáveis em produtos como copos, canudos e embalagens. Impermeável e rígido, o novo material se decompõe em até 300 dias no oceano, contra centenas de anos dos plásticos convencionais. A descoberta, publicada recentemente, abre caminho para alternativas ecológicas em um mundo que descarta 8 milhões de toneladas de plástico nos mares anualmente.
Como a celulose vira alternativa ao plástico?
A inovação parte de um tratamento químico com brometo de lítio, que transforma a celulose (encontrada em plantas e fibras recicladas, como roupas usadas) em uma estrutura transparente e moldável. Diferente do celofane, que requer coagulantes químicos, o processo dispensa aditivos poluentes e permite criar objetos resistentes:
- Copos suportam água fervente por 3 horas sem vazamentos significativos;
- Revestimento com sal de ácido graxo vegetal torna o material 100% impermeável;
- Produção utiliza matéria-prima reciclada ou de descarte, reduzindo custos ambientais.
“Este material regenerado é moldável e tem potencial para substituir plásticos convencionais em larga escala”, afirma Noriyuki Isobe, líder do estudo.
Benefícios ambientais
- Degradação acelerada: 300 dias no fundo do mar, menos em águas rasas;
- Redução do uso de petróleo (base dos plásticos tradicionais);
- Menor impacto na vida marinha, evitando microplásticos.
Críticas e ressalvas
Apesar do avanço, especialistas alertam: substituir plástico por outro material descartável não resolve a cultura do “uso único”. “Precisamos questionar o consumo excessivo, exceto em casos essenciais, como na medicina”, diz Bhavna Middha, pesquisadora de sustentabilidade do Instituto Real de Tecnologia de Melbourne.
A equipe japonesa busca parcerias para escalar a produção e testar o material em larga escala. Objetivo: oferecer uma solução viável para indústrias de alimentos, bebidas e hospitais, setores que dependem de itens descartáveis.
Perspectivas de mercado:
- Empresas globais já investem em alternativas biodegradáveis;
- Regulamentações contra plásticos descartáveis, como a Diretiva Europeia SUP, impulsionam demanda;
- Preço competitivo será crucial para adoção em massa.
A poluição plástica ameaça 90% das espécies marinhas, segundo a ONU. Inovações como esta, aliadas à redução do consumo, são peças-chave para cumprir metas globais de sustentabilidade até 2030.
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