Produtores rurais dos Estados Unidos demonstraram forte preocupação com os efeitos da nova escalada tarifária contra a China. A tensão comercial, intensificada pelo governo de Donald Trump, ameaça o plantio da próxima safra de grãos, previsto para começar dentro de um mês.
Soja e milho
A preocupação atinge principalmente agricultores de soja e milho. Em geral, esses produtores formam a base de apoio do atual presidente americano e temem impactos imediatos e de longo prazo. Na semana passada, a Associação Americana de Soja (ASA) divulgou uma nota sobre o tema. “A escalada contínua das tarifas com a China é preocupante para os produtores de soja, já que a China serve como um mercado de exportação crítico para a soja dos EUA”, afirmou a entidade.
Respostas da China
Até o dia 9 de abril, a China já havia respondido com três rodadas de tarifas. Somadas, elas alcançaram 94%. Com as tarifas tradicionais que já incidem sobre as exportações de soja americana, o percentual total chegou a 114,73%. No entanto, no dia 11 de abril, a China adotou nova retaliação. O país asiático elevou as tarifas de importação de produtos dos EUA para 125%.
Aumento da insegurança
Essa escalada alimenta a insegurança entre os agricultores. Ou seja, eles temem não apenas prejuízos imediatos, mas também consequências duradouras para o setor.
“O plantio está para começar na maior parte do país. Quanto mais incerteza, maior o risco de colhermos bilhões de bushels de milho sem mercado confiável”, afirmou Kenneth Hartman Jr., presidente da Associação Nacional dos Produtores de Milho (NCGA) e agricultor em Illinois. Segundo ele, os produtores querem garantia de mercado interno e externo para os grãos. A falta de previsibilidade gera apreensão no campo.
Caleb Ragland, presidente da ASA e produtor de soja no Kentucky, compartilha a mesma visão. “Corremos o risco de impactos imediatos nesta temporada, somados aos prejuízos de uma guerra comercial prolongada com a China”, disse.
Ele também apontou os efeitos negativos para a imagem dos produtores americanos. “As disrupções de curto prazo são dolorosas. Mas as repercussões de longo prazo para nossa reputação e confiabilidade como fornecedores são difíceis de calcular”, avaliou Ragland.
Por fim, ele lembrou o impacto da primeira guerra comercial. “Ainda estamos abatidos pela Guerra Comercial Um. E certamente não estamos animados com uma Guerra Comercial Dois prolongada.”
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