O Nordeste, região brasileira bastante rica em cultura, talentos e musicalmente, enfrentou grandes tormentos, principalmente, em seu interior. A região, que foi berço do descobrimento do Brasil — além de ter sua primeira província/capitania como Pernambuco — por séculos, foi berço de grandes problemas sociais.
Um destes fatores são as chuvas irregulares que acometem o local. Afinal, o Nordeste brasileiro está localizado no então chamado polígono das secas, perímetro brasileiro que possui chuvas irregulares, onde a precipitação anual não passa de 800 mm e, por muitas vezes, em anos de estiagem, não passam dos 300 mm.
O polígono das secas abrange Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia, Sergipe e Alagoas. Diversas obras literárias abordam esse problema social, como O Quinze, da escritora Raquel de Queiroz, que retrata a grande seca que atingiu o Nordeste e o Ceará em 1915.
Dom Pedro II, já havia notado o problema crônico nordestino, na época do Império do Brasil. Foi lá que nasceu a semente da Transposição do Rio São Francisco, que foi realizada 1 século depois.
A Transposição do Rio São Francisco, com sua implementação em dois Eixos: Norte e Leste — e ainda em fase de acabamento — deu ares de uma nova vida ao sertanejo que agonizou tanto com a seca.
Em Pernambuco, as águas partem da cidade de Petrolina e percorrem mais de 200 km por canais até chegar ao município de Sertânia. Nesse trajeto, o percurso inclui a construção de três barragens em Sertânia: Rio da Barra, Barreiros e Campos. As estações de drenagem de água empurram às águas do Velho Xico para a cidade de Monteiro, já no estado da Paraíba, desaguando no Rio Paraíba.
Rio Paraíba
As águas do São Francisco no Rio Paraíba, forneceram ao curso do rio uma nova vida, onde vivem milhares de animais. Isso impactou a fauna e flora do valioso rio paraibano. Além disso, milhares de agricultores passaram a contar com água em abundância para seus animais e pequenos plantios, depois de enfrentarem longos períodos de seca.
Devido à grande seca dos anos 2010, o pior acontecia em Campina Grande, segunda maior cidade da Paraíba e terra do Maior São João do Mundo. A cidade entrava em racionamento, o seu Açude de Boqueirão, chegou a quase colapsar com somente 3% de água, levando a cidade ao desespero.
No dia 18 de abril de 2017, as águas do São Francisco salvavam Campina Grande de um colapso total. Simbólico, não só para a capital econômica da Paraíba, mas, também, para todo o nordeste.
Impactos em Sertânia
Sertânia, nacionalmente conhecida como capital da Caprinocultura, também foi salva do racionamento. Seu maior reservatório, o Açude de Barra, já passou períodos de mais de 5 anos sem uma gota d’água, deixando a cidade em colapso total.
Graças a essa nova realidade, a cidade está salva de dias agonizantes de seca, mostrando à importância do São Francisco. E o quanto a força do Velho Xico, vem mudando a realidade do nordestino.
É claro que, a transposição ainda causará mais alegrias, principalmente, quanto toda a obra estiver finalizada. É um grande alívio ao nordestino que, agora, possui a chance de se reinventar, unindo o bom e Velho Xico e toda a sua diversidade em tantos km de curso. O que foi mostrado aqui foi o início de uma ruptura entre a tragédia da seca e um futuro de oportunidades.
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