Pela primeira vez, um macho do besouro Cryptolestes obesus foi formalmente descrito no Brasil. Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) descobriram a espécie após mais de duas décadas de buscas, e divulgaram os resultados na revista EntomoBrasilis. O espécime estava preservado no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), parte da coleção do renomado entomólogo Fritz Plaumann.
Com apenas 1,4 mm de comprimento e 0,56 mm de largura, o besouro vive sob cascas de árvores, tornando sua identificação extremamente difícil. Leandro Zeballos, líder do estudo, destacou a importância de analisar acervos museológicos: “É sempre uma expectativa muito grande visitar esse tipo de museu para analisar suas coleções, porque encontramos materiais de muitos locais — não só da região, mas do Brasil e fora, provenientes da coleta de muitos pesquisadores famosos que dedicaram suas vidas a trabalhar com isso.”
Por que essa descoberta é importante?
A espécie havia sido descrita originalmente em 2002, com base em uma fêmea coletada em Rondônia. Na época, o pesquisador Michael C. Thomas considerou suas características únicas o suficiente para classificá-la, mesmo sem um macho. Agora, Zeballos e Matheus Bento confirmaram sua hipótese.
“Thomas estava certo ao hipotetizar uma fácil associação ao macho nesta espécie, já que suas características diagnósticas não se baseiam em traços sexuais primários ou secundários [como genitálias ou chifres, respectivamente]”, relataram os cientistas.
Evitando erros na classificação
Ambos os sexos do Cryptolestes obesus possuem um corpo robusto e linhas bilaterais no protórax, traços que os diferenciam de outras espécies do gênero. Zeballos explica que a descoberta previne equívocos taxonômicos: “Esta associação do macho com a fêmea impede que um taxonomista menos experiente com esta família de besouro encontre e descreva o macho como uma espécie nova, o que facilmente acontece nos estudos com besouros.”
A equipe agora busca delimitar características pouco conhecidas do gênero Cryptolestes e reconstruir sua árvore filogenética. “Queremos desvendar o que diferencia o Cryptolestes de gêneros parecidos e entender as relações entre os mais de 40 gêneros da família Laemophloeidae”, afirma Zeballos.
Leia mais: O estudo completo está disponível na revista EntomoBrasilis.
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