A China diminuiu significativamente suas compras de soja e cancelou aquisições de carne suína dos Estados Unidos, conforme dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). A medida ocorre em meio à intensificação da guerra comercial entre os dois países e pode pressionar ainda mais os preços das commodities agrícolas americanas.
Na semana encerrada em 17 de abril, a China cancelou a compra de 12 mil toneladas de carne suína dos EUA, o maior volume de cancelamento desde 2020. No mesmo período, as compras de soja chinesa despencaram para apenas 1,8 mil toneladas, número muito inferior às 72,8 mil toneladas adquiridas na semana anterior. Esse recuo ocorre logo após o aumento das tarifas americanas sobre produtos chineses para até 145%. Que foi respondido por Pequim com uma tarifa de 125% sobre produtos dos EUA.
Mercado em alerta e possíveis impactos
Especialistas do setor avaliam que, se a tendência de redução e cancelamento de compras persistir, os preços das commodities agrícolas dos EUA podem sofrer forte pressão negativa. Segundo Scott Gerlt, economista-chefe da Associação Americana da Soja, a China representa cerca de 60% das exportações americanas de soja. Isso torna sua demanda difícil de substituir e impactando toda a cadeia de suprimentos.
Apesar do cenário, analistas como Jason Britt, presidente da Central States Commodities, alertam que fatores sazonais, como o início do plantio nos EUA e a chegada da primavera no Hemisfério Norte, podem explicar parte da redução temporária nas compras chinesas. Muitos preferem aguardar antes de afirmar que há uma tendência consolidada de queda.
Incertezas com a volatilidade tarifária
A volatilidade das decisões tarifárias do governo americano dificulta previsões sobre o comportamento futuro do mercado. Especialmente após sinalizações do presidente Trump sobre possíveis reduções nas tarifas. Enquanto isso, o setor agrícola dos EUA permanece atento ao desenrolar das negociações e aos impactos diretos sobre exportações e preços.
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