Os preços da soja continuam enfraquecidos no mercado spot do Brasil. A informação é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. Segundo pesquisadores do Cepea, a produtividade da soja nesta safra é considerada satisfatória. Com isso, a oferta doméstica segue elevada. Além disso, as projeções indicam crescimento da área plantada na próxima temporada. Esse cenário pode manter a pressão sobre os preços.
Do lado da demanda, o Cepea avalia que a recente trégua comercial entre Estados Unidos e China pode afetar os embarques brasileiros. O governo norte-americano reduziu as tarifas sobre produtos chineses de 145% para 30%. A China também diminuiu as tarifas sobre produtos dos EUA, de 125% para 10%.
Com a redução dos custos de importação entre as duas potências, o Brasil pode perder espaço nas exportações de soja. O USDA divulgou, no último dia 12, um relatório com projeções otimistas para a safra global de soja.
A produção mundial pode atingir 426,82 milhões de toneladas na safra 2025/26. O volume representa um novo recorde. No Brasil, a estimativa é de 175 milhões de toneladas. Caso confirmada, essa também será a maior produção da história.
Oferta elevada pressiona preços do milho no Brasil
A oferta elevada de milho segue pressionando os preços no Brasil, segundo o Cepea. O indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas-SP) atingiu o menor valor nominal desde janeiro. O cenário de preços baixos é impulsionado por estimativas de produção robusta no Brasil e no exterior. As condições climáticas favoráveis nas regiões produtoras de segunda safra sustentam a expectativa de alta produtividade.
Nos Estados Unidos, o ritmo acelerado da semeadura e o clima positivo reforçam as projeções de boa colheita. Diante desse cenário, parte dos consumidores brasileiros recuou nas compras. Muitos preferem esperar novas quedas para recompor estoques. Por outro lado, vendedores buscam negociar os volumes restantes da safra 2023/24 e da atual safra de verão 2024/25.
Preços do feijão variam conforme tipo e região
Os preços do feijão apresentaram variações distintas na última semana, conforme mostram dados do Cepea. Segundo o Centro de Pesquisas, a oscilação está relacionada à transição entre safras e à diversidade dos estoques regionais.
O feijão carioca de alta qualidade (nota 9 ou superior) teve valorização. Vendedores elevaram os preços diante da oferta limitada. Compradores com maior urgência aceitaram pagar mais para garantir o produto, conforme explicam os pesquisadores.
Já o feijão preto apresentou crescimento na oferta desde a primeira safra. Mesmo assim, produtores só vendem quando precisam de caixa. Na maioria dos casos, preferem armazenar o produto enquanto podem, aguardando melhores preços.
Em relação à próxima safra, dados da Conab indicam crescimento de 15% na produção de feijão preto. O volume pode alcançar 819,7 mil toneladas na safra 2024/25. Já para o feijão carioca, a estimativa aponta queda de 2,5%, para 1,79 milhão de toneladas. A produção de feijão caupi também deve cair 4,8%, totalizando 616,3 mil toneladas, segundo a Conab.
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