O café é uma das bebidas mais consumidas no mundo e, no Brasil, faz parte da cultura e do cotidiano. Com o aumento do interesse por cafés de alta qualidade, surgem dúvidas sobre o que realmente diferencia os grãos especiais dos tradicionais. Conversamos com uma especialista, que esclareceu mitos e verdades sobre os grãos especiais, destacando a importância do café premium no mercado brasileiro.
Segundo pesquisa da MINDMINERS em 2024, o consumo de grãos premium no Brasil cresceu 30% nos últimos dois anos, mostrando que o brasileiro está cada vez mais exigente quanto à qualidade da bebida. O café especial é reconhecido por apresentar aromas e sabores complexos, que podem variar de notas cítricas e frutadas até nuances de chocolate e caramelo. Essas características sensoriais são resultado da genética da planta, das condições de cultivo (como clima, solo e altitude) e do processo de torrefação cuidadoso. “A origem da planta e o cuidado na torrefação são importantes para o desenvolvimento dessas características naturais”, explica Vanessa Vilela, farmacêutica, bioquímica e CEO da Kapeh Cosméticos e Cafés Especiais, rede 2 em 1 de cafeterias e loja de cosméticos.

O que são grãos de café especiais?
De acordo com a Specialty Coffee Association (SCA), grãos de café especiais são aqueles que atingem pontuação mínima de 80 pontos em uma escala de 0 a 100, sendo avaliados por critérios como ausência de defeitos, sabor, aroma e rastreabilidade da origem. No Brasil, a certificação é feita por entidades como a Brazilian Specialty Coffee Association (BSCA), que garante a qualidade e a procedência do produto.
Diferenças entre arábica e conilon
Os grãos de café arábica são conhecidos por sua acidez equilibrada, doçura e complexidade de aromas, sendo a escolha preferida para cafés especiais. Já o conilon (robusta) possui sabor mais intenso e maior teor de cafeína, sendo fundamental para dar corpo à bebida e utilizado em blends para espressos cremosos. Embora a maioria dos cafés especiais seja arábica, também existem robustas especiais de alta qualidade.
Mitos e verdades sobre grãos especiais
- Café especial é mais fraco: Mito. A torra mais clara realça as características do grão, mas não determina a força da bebida.
- Todos os cafés especiais são arábica: Mito. Embora predominem, também há robustas especiais com perfis sensoriais únicos.
- Cada café especial é único: Verdade. O terroir, a variedade e o método de processamento geram perfis sensoriais exclusivos.
- Grãos com avaliação de 70% são especiais: Mito. Apenas cafés com mais de 80 pontos são classificados como especiais. Entre 75 e 80 pontos são gourmet, 70 a 75 pontos são premium e abaixo disso, tradicionais. “São classificados como especiais aqueles que atingem mais de 80 pontos em avaliações de qualidade. Grãos com pontuação entre 75 e 80 pontos são considerados gourmet. Já os que marcam entre 70 e 75 pontos são classificados como premium. Produtos com notas de 65 a 70 pontos pertencem à categoria tradicional, que é a mais comum nos supermercados, por serem mais acessíveis”, afirma Vanessa Vilela.
- O Brasil é referência em cafés diferenciados: Verdade. O país lidera a produção de cafés especiais, com destaque para regiões como o Cerrado Mineiro e premiações internacionais como o Cup of Excellence.
- O método de preparo altera o sabor do café: Verdade. “Métodos como prensa francesa, coado, expresso, Hario V60 e Aeropress oferecem sensações distintas. No entanto, é importante destacar que o modo não altera as notas aromáticas, permanecem as mesmas, independentemente da técnica utilizada”, explica Vanessa.
- Cafés com sabores diferentes têm conservantes: Mito. “Esses sabores são resultados de processos naturais, originados nas características do grão, dependendo de como ele é cultivado e processado. Não há a necessidade de aditivos químicos para obter essas notas distintas”, finaliza.
Como identificar um café especial? Procure por selos de certificação, informações sobre a origem, pontuação acima de 80 pontos e notas sensoriais descritas na embalagem. Cafés especiais são livres de defeitos, rastreáveis e cultivados com práticas sustentáveis.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Fazenda amplia produção com investimento em robôs
+ Agro em Campo: Espírito Santo lança programa para financiar construção de pequenas barragens