Mais de 260 famílias do Vale do Jequitinhonha estão colhendo os frutos do programa de agricultura familiar Raízes do Vale, que já soma 100 hectares de terras cedidas em comodato pela Aperam BioEnergia. A iniciativa, que integra desenvolvimento social e sustentabilidade, permitiu a produção de mais de 25 toneladas de alimentos entre milho, feijão, mandioca e outras culturas, beneficiando diretamente comunidades rurais da região.
Os 100 hectares cedidos equivalem a um milhão de metros quadrados, ou cerca de 140 campos de futebol, destinados ao cultivo de milho, feijão, mandioca, abóbora, melancia, maxixe e andu. O plantio, iniciado em novembro de 2024, já rendeu mais de 4,7 toneladas de feijão, 3,6 toneladas de milho e uma estimativa de quase 17 toneladas de mandioca, além de outras culturas. A colheita, iniciada em abril, ainda está em andamento.
Transformação social e geração de renda
Valto Fróes dos Santos, conhecido como Valtinho, presidente da Associação das Famílias dos Pequenos Produtores Rurais Quilombolas do Ribeirão Invernada, em Capelinha, destaca o impacto positivo do programa. Das 38 famílias da comunidade, 13 participaram do plantio coletivo e colheram mais de 600 kg de feijão e cerca de 80 sacas de milho. “Algumas famílias estão vendendo. O meu feijão, a minha parte, eu não vendi. Guardei e dividi com a minha família e meus filhos. Ali a gente trabalha e a coisa rende, é só felicidade, só alegria. É um feijão de qualidade, um feijão diferenciado, feijão gostoso. Acertamos a época da colheita”, relata Valtinho.
Antes do programa, a falta de oportunidades obrigava muitos moradores a migrar para outros estados em busca de trabalho. “Todos os meses a gente se reunia e falava dos problemas da comunidade. E, muitas vezes, não sabíamos como encaminhar. A gente conversava, conversava, assinava a ata, mas não sabíamos nem como redigir um ofício para as autoridades”, relembra Valtinho. Agora, com o Raízes do Vale, ele pode permanecer junto à família e investir na produção local.
Apoio técnico e capacitação
Cada associação comunitária recebe até cinco hectares de terras dentro das florestas renováveis de eucalipto da Aperam BioEnergia, com suporte completo para o preparo do solo, assistência agronômica, treinamentos de segurança e fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). “A gente recebeu um curso e equipamentos para trabalhar, para nos protegermos, teve até protetor solar, que eu mesmo nunca tinha usado na minha vida. Cuidados para os olhos, a pele… isso foi muito bom, viu!?”, destaca Valtinho, ressaltando a importância do suporte técnico para o sucesso da produção.
Desenvolvimento sustentável e inclusão
O Raízes do Vale demonstra que é possível promover o desenvolvimento sustentável em harmonia com o meio ambiente e as comunidades. Na Associação Quilombola do Distrito de Bom Jesus do Galego, também em Capelinha, a última safra resultou em 5 sacas de milho e 479 kg de feijão. Flávia Fernandes, presidente da associação, celebra: “Estamos muito satisfeitos. Com certeza estamos caminhando para ter dias melhores com esse incentivo às comunidades rurais”.

A expectativa para a colheita de mandioca é alta, com planos de reinvestir os recursos na construção de uma nova sede e, futuramente, reativar a produção local de farinha de mandioca.
Reconhecimento nacional e internacional
O programa já conquistou reconhecimento internacional. Em 2023, foi citado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como exemplo de boa prática de uso sustentável do solo e da água. Em 2024, recebeu o Selo de Sustentabilidade do Programa Aliança Ambiental Estratégica de Minas Gerais. Assim, tornando-se a primeira empresa a obter essa distinção, além do Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade na categoria “Melhor Empresa”.
O próximo ciclo de plantio, previsto para o segundo semestre de 2025, já conta com a adesão de 21 associações comunitárias, com possibilidade de novas participações. O Raízes do Vale segue como referência em inclusão social, geração de renda e sustentabilidade no campo, fortalecendo a agricultura familiar no Vale do Jequitinhonha.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Queijos artesanais de Santa Catarina ganham reconhecimento
+ Agro em Campo: Anvisa proíbe três marcas de “café fake” por risco à saúde e fraude