Um estudo publicado em 30 de maio de 2025 na revista Scientific Reports, do grupo Nature, revela que drones oceânicos brasileiros, originalmente desenvolvidos para monitorar sons marinhos, também detectam sinais sísmicos causados por terremotos no fundo do mar. A pesquisa foi conduzida com dados coletados entre 2015 e 2021 na Bacia de Santos, litoral de São Paulo. E registrou 12 eventos sísmicos por meio de hidrofones embarcados nesses veículos autônomos subaquáticos.
Os altos custos e os desafios logísticos para instalar sismógrafos no fundo do mar limitam a cobertura tradicional de estações sísmicas nos oceanos. Nesse contexto, os drones oceânicos representam uma alternativa eficiente e econômica. Eles são silenciosos, movidos por flutuabilidade e capazes de operar autonomamente em áreas costeiras e marginais, onde os métodos convencionais enfrentam dificuldades operacionais.
Monitoramento sísmico de longo prazo
Segundo o geofísico Marcelo Belentani de Bianchi, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG-USP) e coautor do estudo, os planadores oceânicos oferecem vantagens significativas para monitoramento sísmico de longo prazo, permitindo aquisição quase em tempo real dos dados. Já o professor Carlos Chaves, também do IAG-USP, destaca que os drones possibilitam monitoramento contínuo e mais acessível logisticamente, eliminando a necessidade de navios e sensores fixos no fundo do mar.
A análise dos dados envolveu a identificação automática de sons anômalos e uma detalhada análise espectral para descartar ruídos de baleias, embarcações ou outras fontes comuns, confirmando que os sinais captados eram de origem sísmica. Essa proximidade dos drones ao epicentro dos eventos sísmicos reduz a distorção dos sinais que ocorre quando captados em estações terrestres distantes.
A descoberta abre novas perspectivas para o monitoramento de terremotos em alto-mar. Especialmente em regiões de difícil acesso e custo elevado para instalação de equipamentos fixos, como áreas costeiras brasileiras onde a atividade sísmica é considerada baixa. Os drones podem complementar redes sísmicas existentes e integrar sistemas de alerta para populações costeiras. E assim ampliar a segurança e a compreensão dos riscos naturais associados ao ambiente marinho.
Os pesquisadores esperam expandir a tecnologia para outras áreas marítimas e equipar os drones com sensores ainda mais sensíveis e específicos voltados à geofísica. Incentivando investimentos brasileiros em métodos inovadores de observação oceânica, que vão além dos benefícios econômicos e reforçam a segurança nacional.
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