A tradição secular da produção de vinhos artesanais em Santa Catarina está ganhando novo impulso com a qualificação promovida pela Epagri. O Projeto Integrado Vinhos Artesanais, iniciado em 2021, vem promovendo ações estratégicas para elevar o padrão sensorial e mercadológico dos rótulos catarinenses, preparando os produtores para atender às exigências do mercado e impulsionar a economia rural do estado.
A produção de vinho artesanal, transmitida por gerações desde a chegada dos imigrantes europeus, permanece viva em diversas famílias catarinenses. Com as adaptações técnicas e legais necessárias, os vinhos artesanais se tornam protagonistas no desenvolvimento do turismo rural. Além de agregar valor à propriedade, fomentando a gastronomia local e estimulando a hotelaria e o desenvolvimento regional. “O projeto visa à melhoria da qualidade dos vinhos e à legalização dos empreendimentos, agregando valor à propriedade e atraindo turistas”, destaca Vinícius Caliari, pesquisador da Epagri.
Ações para elevar a qualidade dos vinhos catarinenses
O projeto já cadastrou produtores em todas as regiões do estado e aplicou mais de 450 questionários sobre produção de uvas, práticas enológicas e características dos vinhos. Amostras enviadas para análise físico-química, conforme os Padrões de Identidade e Qualidade (PIQ) do Ministério da Agricultura e Pecuária, somaram cerca de mil exames. Vinhos aprovados seguiram para avaliação sensorial, realizada por especialistas em mais de 300 rótulos. Cada participante recebeu laudos detalhados e orientações técnicas para aprimorar ainda mais seus produtos.

A Epagri intensificou as capacitações em todo o estado, promovendo palestras sobre legalização e cursos práticos de elaboração de vinhos, que já somam 500 participantes em 2024. Os conteúdos abordam legislação, higienização, sanitização, processos de vinificação de diferentes estilos e uso de insumos enológicos. O objetivo é orientar desde a escolha da matéria-prima até o controle de temperatura e a correta utilização de leveduras e outros insumos. E assim, elevar o padrão dos vinhos catarinenses.
Exemplo de sucesso: família Matiello investe na modernização
Cerca de 30% dos produtores participantes já estão investindo em melhorias e buscando a legalização de seus negócios. Um exemplo é a família Matiello, de Marema, que produz vinhos desde 1956 e agora moderniza a atividade para entrar no mercado formal. Com parreirais históricos e novas variedades, a família aprimorou técnicas de cultivo e vinificação, elevando a qualidade dos produtos. A construção de uma cantina própria e o registro do empreendimento Vinhos Reclino no Ministério da Agricultura estão previstos para a próxima safra, consolidando a profissionalização e a geração de renda familiar.

Na produção de vinhos, a forma tradicional de produzir, que era passada de geração para geração. Mas passou por transformações que impactam diretamente na qualidade do produto. “Vimos que era preciso melhorar a qualidade do processo, desde a matéria prima até a vinificação. Aém da pesagem e utilização correta dos insumos”, cita Maria Matiello.
Com o apoio de políticas públicas estaduais, como o Projeto Realizar e o Fomento Agro SC, os vinhos artesanais catarinenses estão alcançando padrões de mercado, tornando-se alternativa viável de renda para pequenos produtores. “As adaptações técnicas e legais abriram novas oportunidades, permitindo que a atividade se torne fonte de renda e desenvolvimento local”, ressalta a extensionista Dulcinéia Cenci.
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