O Brasil deve anunciar nesta quarta-feira (18) a erradicação da gripe aviária em granjas comerciais, após cumprir o período de 28 dias sem registro de novos focos da doença. A medida segue protocolos internacionais. E marca um passo importante para a retomada das exportações de carne de frango. Elas foram impactadas por embargos desde o primeiro caso em Montenegro (RS), registrado em maio.
O período de 28 dias, conhecido como “vazio sanitário”, começou a ser contado após a desinfecção da granja em Montenegro. Na cidade ocorreu o primeiro e único foco da doença em aves comerciais no Brasil. De acordo com o Ministério da Agricultura, esse intervalo é fundamental para garantir que não restem vestígios do vírus H5N1 no ambiente antes da retomada das atividades normais nas granjas.
Durante esse período, o governo brasileiro monitorou possíveis suspeitas em granjas comerciais e todas foram descartadas. As investigações ocorreram em municípios como Ipumirim (SC), Aguiarnópolis (TO), Bom Despacho (MG), Anta Gorda (RS), União da Serra (RS) e Westfalia (RS), sem confirmação de novos casos.
Comunicação internacional e impacto nas exportações
Com o fim do vazio sanitário, o Brasil irá notificar oficialmente a Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA) e os países importadores sobre a condição de livre de influenza aviária. O objetivo é facilitar a reabertura dos mercados e a redução das áreas sob restrição. Porém, a retirada dos bloqueios não seja automática e dependa da avaliação de cada país importador.
Atualmente, a União Europeia e outros 20 países mantêm bloqueio total à carne de frango brasileira. Enquanto outros 19 restringem apenas produtos do Rio Grande do Sul. Em quatro países, o embargo é local, atingindo principalmente a região de Montenegro. O Japão, terceiro maior importador, ampliou recentemente o embargo para cidades de Goiás e Mato Grosso devido a casos em criações domésticas.
Situação da gripe aviária no Brasil
Desde o início dos registros em 2023, o Brasil confirmou 174 casos de gripe aviária. Foram 168 em aves silvestres, cinco em criações domésticas e apenas um em granja comercial (Montenegro). O Ministério da Agricultura reforça que a gripe aviária não é transmitida pelo consumo de carne de aves ou ovos. Além disso, o país nunca registrou casos da doença em humanos.
Apesar da queda de 13% nas exportações de frango em maio, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a maior parte da produção segue destinada ao mercado interno. O governo espera que, com o reconhecimento internacional da erradicação da doença, os principais mercados importadores, como a China, flexibilizem as restrições, inicialmente limitando os embargos ao Rio Grande do Sul ou à região de Montenegro, com expectativa de normalização gradual das exportações.
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