O mercado brasileiro de máquinas agrícolas está em forte expansão. E segundo projeções do setor, deve ultrapassar a Europa em volume de vendas nos próximos cinco a dez anos. O crescimento é impulsionado pelo avanço do agronegócio nacional, crédito mais caro e a crescente busca por consórcios como alternativa de financiamento.
De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produtividade média das lavouras brasileiras deve atingir 4.108 quilos por hectare, com aumento de 2,3% na área cultivada, que chega a 81,8 milhões de hectares. Além disso, a produção de etanol de milho, que requer equipamentos específicos, pode dobrar no mesmo período, aquecendo a demanda por tratores, colheitadeiras e implementos agrícolas.
Crédito mais caro impulsiona consórcios
Com a taxa Selic mantida em patamares elevados, estimada em torno de 15% ao ano, o crédito rural tradicional se torna mais caro. Isso tem levado produtores, especialmente pequenos e médios, a optarem por consórcios para aquisição de máquinas. Segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), o volume de crédito liberado para veículos pesados, incluindo máquinas agrícolas, cresceu 39,9% no primeiro bimestre de 2025 em relação ao ano anterior.

Fernando Lamounier, educador financeiro e diretor da Multimarcas Consórcios, destaca que “a busca por consórcios tem colaborado para colocar o Brasil entre as grandes potências globais em volume e sofisticação de máquinas agrícolas”. Além disso, ele ainda afirma que fabricantes chegam a vender até 40% das máquinas por meio dessa modalidade. Isso devido à dificuldade de acesso a financiamentos bancários tradicionais, que apresentam juros altos e burocracia.
Brasil lidera crescimento global em soja e milho
O país lidera a taxa composta de crescimento da produção de soja e milho entre as principais regiões produtoras do mundo, reforçando seu protagonismo global. Esse desempenho atrai investidores estrangeiros e fortalece o mercado interno de máquinas agrícolas.
O agronegócio representa cerca de 20% do volume total de crédito movimentado por consórcios no Brasil, que ultrapassa R$ 50 bilhões anuais. No segmento de máquinas e equipamentos agrícolas, os consórcios já correspondem a 25% do mercado, consolidando-se como tendência para os próximos anos.
Com a suspensão de algumas linhas de crédito, inclusive do Plano Safra, produtores enfrentam juros que chegam a 20% ao ano para financiar máquinas agrícolas. Nesse contexto, o consórcio surge como alternativa viável para continuidade dos investimentos de forma planejada e segura.
Apesar dos desafios, o setor de máquinas agrícolas apresenta sinais de recuperação, com crescimento projetado de 8,2% para 2025. Isso conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). A expectativa é que o Brasil consolide sua posição como um dos maiores mercados globais, impulsionado pela modernização tecnológica e pela adoção de modalidades de crédito alternativas.
Portanto, este cenário reforça o papel estratégico do Brasil no mercado global de máquinas agrícolas, com crescimento sustentado pela expansão do agronegócio, inovação tecnológica e adaptação às condições financeiras do país.
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