Uma operação conjunta entre o Ibama, a Polícia Civil do Paraná (PCPR) e órgãos ambientais de Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais desmantelou uma das maiores redes de tráfico de animais silvestres do Brasil. A ação resultou na apreensão de mais de mil animais – incluindo espécies ameaçadas de extinção – e na prisão de 16 suspeitos.
A megaoperação cumpriu 38 mandados de busca e apreensão em 12 cidades dos quatro estados. Entre os locais fiscalizados estavam residências, clínicas veterinárias e cativeiros clandestinos.
Os investigados faziam parte de uma organização criminosa altamente estruturada, que atuava na venda ilegal de animais silvestres pela internet. Segundo as autoridades, o grupo utilizava grupos de mensagens com mais de 20 mil membros para negociar espécies nativas e exóticas, como:
- Onças-pardas (filhotes e adultos)
- Araras-canindé, tucanos e outras aves ameaçadas
- Macacos, serpentes e aranhas
- Axolotes (espécie de salamandra mexicana em risco de extinção).
Além disso, os criminosos falsificavam documentos para legalizar a venda e usavam contas bancárias de laranjas para lavar dinheiro.
Como funcionava o esquema de tráfico
De acordo com o delegado Guilherme Dias, responsável pela investigação, a organização operava em células especializadas:
- São Paulo: Centralizava a distribuição nacional
- Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais: Abasteciam as regiões Sul, Sudeste e Nordeste.
Os animais eram transportados de diferentes formas:
- Aplicativos de transporte e caminhoneiros (para entregas regionais)
- Serviços postais (para espécies menores).
Impacto ambiental e destino dos animais resgatados
A bióloga Jéssica Jasinski, do Instituto Água e Terra (IAT), alertou que o tráfico causa desequilíbrio ecológico, especialmente quando envolve espécies ameaçadas, como uma espécie de arara criticamente em perigo no Paraná.

Os animais resgatados passam por avaliação veterinária e, quando possível, são reintroduzidos na natureza. Os que necessitam de cuidados permanecem em santuários e centros de reabilitação.
Lista de cidades onde os mandados foram cumpridos
Penas podem chegar a 25 anos de prisão
Os presos respondem por:
- Tráfico de animais silvestres
- Maus-tratos
- Falsificação de documentos
- Lavagem de dinheiro
- Associação criminosa
As penas somadas podem ultrapassar 25 anos de detenção.
Esta operação reforça a articulação entre órgãos ambientais e policiais no combate ao tráfico de animais, um crime que movimenta bilhões anualmente no mercado ilegal. O Ibama destacou que novas fases da investigação estão em andamento para desarticular outros núcleos do esquema.
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